Onconews - DESTINY-CRC02: trastuzumabe deruxtecana mostra eficácia e segurança no câncer colorretal metastático HER2+

rachel 22Kanwal Raghav, do MD Anderson Cancer Center, no Texas, apresentou em sessão oral no ASCO 2023 resultados do ensaio randomizado de fase 2 (DESTINY-CRC02) que avalia a eficácia e segurança de trastuzumabe deruxtecana (Enhertu®, Daiichi Sankyo/AstraZeneca) em pacientes com câncer colorretal metastático HER2 positivo. Nesta análise, trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) mostrou atividade antitumoral promissora, com eficácia independente do status da mutação RAS na dose de 5,4 mg/kg e naqueles com terapia anti-HER2 anterior. A oncologista Rachel Riechelmann (foto) comenta os resultados.

“Os dados do DESTINY-CRC02 realmente são muito interessantes. O bloqueio de HER2 está consolidado em tumores gástrico e de mama, e agora demonstra resultados no câncer colorretal. Provavelmente deve se consolidar como um tratamento agnóstico, funcionando em outros tumores sólidos”, observa a oncologista Rachel Riechelmann, diretora do Departamento de Oncologia do A.C. Camargo Cancer Center e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG).

No estudo DESTINY-CRC01, T-DXd (6,4 mg/kg, a cada 3 semanas [Q3W]) demonstrou atividade antitumoral em pacientes com câncer colorretal metastático HER2 positivo (mCRC HER2+) (Siena et al. Lancet Oncol. 2021). No ASCO 2023, os pesquisadores apresentaram os resultados do DESTINY-CRC02 (NCT04744831), avaliando a eficácia e segurança de T-DXd (5,4 e 6,4 mg/kg) em pacientes com mCRC HER2+.

Neste estudo multicêntrico de fase 2 foram inscritos pacientes com mCRC e status HER2+ confirmado centralmente (imuno-histoquímica [IHC] 3+ ou IHC 2+/hibridização in situ [ISH]+). Pacientes com RAS tipo selvagem (wt) ou mutante (m) mCRC eram elegíveis. Os pacientes elegíveis receberam terapia padrão anterior, a menos que contraindicada; terapia anti-HER2 prévia foi permitida. No estágio 1, foram randomizados (1:1) 80 pacientes para T-DXd Q3W na dose de 5,4 (n = 40) ou 6,4 (n = 40) mg/kg. No estágio 2, foram adicionados mais 42 pacientes para receber T-DXd na dose de 5,4 mg/kg. O endpoint primário foi a taxa de resposta objetiva confirmada (cORR) por revisão central independente cega (BICR). Os endpoints secundários incluíram a duração da resposta (DoR), sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e segurança.

Resultados

No corte de dados (1º de novembro de 2022), os pesquisadores descrevem que a maioria dos pacientes nos braços T-DXd de 5,4 e 6,4 mg/kg tinha HER2 IHC 3+ (78,0% e 85,0%), tumores RAS wt (82,9% e 85,0%) e uma mediana de 3 e 4 linhas anteriores de terapia, respectivamente. A cORR foi de 37,8% (95% CI, 27,3-49,2%) no braço de 5,4 mg/kg e 27,5% (95% CI, 14,6-43,9%) no braço de 6,4 mg/kg (todas as respostas parciais em ambos os braços).

Os principais dados de eficácia são mostrados na Tabela abaixo.

A análise de segurança mostrou que eventos adversos (EAs) de grau ≥ 3 emergentes do tratamento foram observados em 41/83 pacientes (49,4%) e 23/39 pacientes (59,0%) nos braços de T-DXd de 5,4 e 6,4 mg/kg, respectivamente. EAs graves foram observados em 20/83 pacientes (24,1%) no braço de 5,4 e em e 12/39 pacientes (30,8%) no braço de 6,4 mg/kg. A doença pulmonar intersticial relacionada ao agente experimental ocorreu em 7/83 pacientes (8,4%) com 5,4 mg/kg  de T-DXd e em 5/39 pacientes (12,8%) dos que receberam 6,4 mg/kg de T-DXd. A maioria dos eventos foi de grau 1 /2 (1 grau 5 no braço de 6,4 mg/kg).

“T-DXd mostrou atividade antitumoral promissora em pacientes com mCRC HER2+ em doses de 5,4 e 6,4 mg/kg. A eficácia antitumoral foi observada independentemente do status da mutação RAS em T-DXd na dose de 5,4 mg/kg e naqueles com terapia anti-HER2 anterior. No geral, a segurança foi consistente com o perfil de segurança conhecido de T-DXd e favoreceu a dose de 5,4 mg/kg”, afirmam os autores.

Rachel observa que fica muito claro no DESTINY-CRC02 que a eficácia de trastuzumabe deruxtecana é dependente da expressão imunohistoquimica do HER2, independente da mutação RAS. “Quando a imunohistoquímica apresenta a expressão 3+ realmente funciona, mais do que quando a gente vê a amplificação no FISH. Se a amplificação não é suficiente para gerar uma hiperexpressão na imunohistoquímica, mostrando realmente um driver mais forte, a droga perde a atividade. Por um lado, isso facilita o rastreamento de pacientes elegíveis, uma vez que a imunohistoquímica é um método muito mais barato do que a confirmação por FISH ou NGS. É um tratamento que muito em breve deve se consolidar também no câncer colorretal”, conclui.

 

 

5.4 mg/kg T-DXd
n = 82

6.4 mg/kg T-DXd
n = 40

Median follow-up, mo (range)

8.9 (0.5-17.1)

10.3 (0.7-16.4)

Median DoR by BICR,
mo (95% CI)

5.5 (4.2-8.1)

5.5 (3.7-non-evaluable)

Median PFS, mo (95% CI)

5.8 (4.6-7.0)

5.5 (4.2-7.0)

Best overall response by BICR in subgroups, n/N (%) [95% CI]

  

Prior anti-HER2 therapy

7/17 (41.2)
[18.4-67.1]

4/10 (40.0)
[12.2-73.8]

HER2 IHC 3+

30/64 (46.9)
[34.3-59.8]

10/34 (29.4)
[15.1-47.5]

HER2 IHC 2+/ISH+

1/18 (5.6)
[0.1-27.3]

1/6 (16.7)

RAS wt

27/68 (39.7)
[28.0-52.3]

11/34 (32.4)
[17.4-50.5]

RASm

4/14 (28.6)a
[8.4-58.1]

0/6

aAll RASm responders were IHC 3+.

Informações sobre este ensaio clínico: NCT04744831.

Referência:
Trastuzumab deruxtecan (T-DXd) in patients (pts) with HER2-overexpressing/amplified (HER2+) metastatic colorectal cancer (mCRC): Primary results from the multicenter, randomized, phase 2 DESTINY-CRC02 study.
First Author: Kanwal Pratap Singh Raghav, MBBS
Meeting: 2023 ASCO Annual Meeting
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Gastrointestinal Cancer—Colorectal and Anal
Track: Gastrointestinal Cancer—Colorectal and Anal
Subtrack: Colorectal Cancer - Advanced/Metastatic Disease
Abstract #: 3501