Onconews - Tratamento neoadjuvante no câncer de pâncreas ressecável e resultados da doença

pedro uson 23O oncologista Pedro Uson Junior (foto) é primeiro autor de revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados que buscou avaliar a associação de tratamento neoadjuvante e resultados em pacientes com câncer de pâncreas ressecável. Os resultados foram selecionados para apresentação em pôster no ASCO GI 2023 e publicados simultaneamente no ESMO OPEN.

“A quimioterapia neoadjuvante melhora a sobrevida no câncer pancreático boderline ressecável. No entanto, não sabemos se esses resultados são os mesmos no câncer de pâncreas ressecável inicial”, observam os autores.

O estudo realizou uma revisão sistemática incluindo ensaios randomizados de tratamento neoadjuvante versus cirurgia inicial. Foram avaliados artigos indexados no PubMed, Embase e Web of Science, e extraídos dados sobre regimes de tratamento, taxas de R0, sobrevida livre de doença (SLD) e sobrevida global (SG). Os resultados foram comparados usando um modelo de efeitos aleatórios. O índice I2 e os gráficos de funnel plot foram utilizados para a interpretação dos dados.

Resultados

De 3.229 abstracts, 6 ensaios clínicos randomizados foram considerados elegíveis com uma amostra combinada de 805 pacientes. Entre os estudos, foram incluídos o PACT-15, JSAP-05 e resultados atualizados de longo prazo dos estudos PREOPANC e NEONAX. A meta-análise demonstrou que o tratamento neoadjuvante em RPC não melhora a sobrevida livre de doença ou sobrevida global; HR 0,72 [0,46-1,09] e HR 0,76 [0,52-1,11], respectivamente.

Curiosamente, as taxas de R0 melhoraram cerca de 20% com a abordagem neoadjuvante (HR 1,2 [1,04-1,37]). “É importante notar que a maioria dos estudos avaliou regimes baseados em gemcitabina no cenário neoadjuvante”, ressaltam os autores.

Em síntese, esta metanálise de seis ensaios clínicos randomizados sugere que a quimioterapia neoadjuvante com esquemas baseados em gemcitabina não melhora a sobrevida livre de doença ou sobrevida global no câncer de pâncreas ressecável em comparação com a cirurgia inicial seguida de tratamento adjuvante. “O tratamento neoadjuvante melhora as taxas de R0 em cerca de 20%. Ensaios randomizados em andamento com regimes combinados mais ativos, incluindo o FOLFIRINOX modificado, são aguardados ansiosamente”, concluíram os autores

Referência: Does neoadjuvant treatment in resectable pancreatic cancer improve disease outcomes? Systematic review and metanalysis of randomized controlled trials.
First Author: Douglas Dias e Silva
Meeting: 2023 ASCO GI Cancers Symposium
Session Type: Poster Session
Session Title: Poster Session B: Cancers of the Pancreas, Small Bowel, and Hepatobiliary Tract
Track: Pancreatic Cancer
Subtrack: Therapeutics
Abstract #: 704