Estudo de fase II de braço único com 60 pacientes sugeriu benefício da adição de nab-paclitaxel à gemcitabina e cisplatina (GAP) em tumores do trato biliar, com sobrevida global (SG) mediana de 19,2 meses (Shroff et al, JAMA Oncol 2019). No ASCO GI`23, estudo randomizado de fase 3 (SWOG 1815) apresentou novos dados, demonstrando que o regime GAP não resultou em melhora estatisticamente significativa na SG mediana com GAP vs. GC. Análises de subgrupos sugerem benefício em pacientes com doença avançada e em pacientes com GBC, ainda que às custas de maior toxicidade.
O estudo SWOG 1815 é um ensaio randomizado, aberto, de fase III, comparando GAP a gemcitabina/cisplatina (GC). O estudo incluiu pacientes com tumores do trato biliar (BTC) avançados recém diagnosticados, randomizados 2:1 para GAP vs. GC. GAP incluiu gemcitabina a 800 mg/m2, cisplatina a 25 mg/m2 e paclitaxel ligado à albumina a 100 mg/m2 nos dias 1 e 8 de um ciclo de 21 dias. O GC incluiu dosagem padrão de gemcitabina a 1.000 mg/m2 e cisplatina a 25 mg/m2 nos dias 1 e 8 de um ciclo de 21 dias. Os pacientes foram tratados até a progressão. O endpoint primário foi sobrevida global (SG) e a randomização foi estratificada por local da doença (colangiocarcinoma intra-hepático [CCA] vs adenocarcinoma da vesícula biliar [GBC] vs CCA extra-hepático), estágio da doença (localmente avançado vs metastático) e performance status Zubrod 0 vs 1.
Resultados
Dos 441 pacientes elegíveis randomizados, 55% eram do sexo feminino. 67% dos pacientes tinham CCA intra-hepática, 16% tinham GBC e 17% CCA extra-hepática. A maioria dos pacientes tinha metástases (73%).
Os resultados apresentados no ASCO GI`23 mostram que a mediana de SG com GAP vs. GC foi de 14 vs. 12,7 meses, respectivamente (HR 0,93, 95% CI 0,74-1,19, p = 0,58), ORR (confirmada e não confirmada) 34% vs 25% (p = 0,11) e SLP mediana de 8,2 vs 6,4 meses (HR 0,92, 95% CI 0,72 -1,16, p=0,47), respectivamente.
Em relação à segurança, os eventos adversos de grau 3 e 4 relacionados ao tratamento (TRAEs) em ≥10% dos pacientes para GAP e GC foram anemia, neutropenia e trombocitopenia. O braço GAP teve mais EAs hematológicos de grau ≥ 3 em comparação com o braço GC (60% vs. 45%, p=0,003). A descontinuação devido à toxicidade foi de 24% vs 19% (p=0,26) com GAP vs GC.
Em análises exploratórias de subgrupos, GAP vs GC melhorou a SG em pacientes com doença localmente avançada (mediana 19,2 vs 13,7 meses; HR 0,67, IC 95% 0,42-1,06, p = 0,09) e em pacientes com GBC (mediana 17,0 vs 9,3 meses; HR 0,74, IC 95% 0,41-1,35, p=0,33). A ORR para GAP vs GC em GBC foi de 50% vs 24% (p=0,09) e para doença localmente avançada 28 vs 21% p=0,74.
Em conclusão, o estudo SWOG 1815 não demonstrou melhora estatisticamente significativa na SG mediana com GAP versus GC, mas análises de subgrupos sugerem benefício em pacientes com doença avançada e em pacientes com GBC, ainda que às custas de maior toxicidade.
Outras análises estão em andamento para entender o benefício potencial do GAP em subgrupos de pacientes com BTC.
Este estudo teve financiamento do NIH/National Cancer Institute e da Celgene Corporation, Summit, NJ (subsidiária da Bristol Myer Squibb).
Referência: SWOG 1815: A phase III randomized trial of gemcitabine, cisplatin, and nab-paclitaxel versus gemcitabine and cisplatin in newly diagnosed, advanced biliary tract cancers.
First Author: Rachna T. Shroff, FASCO
Meeting: 2023 ASCO GI Cancers Symposium
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Oral Abstract Session B: Cancers of the Pancreas, Small Bowel, and Hepatobiliary Tract
Track: Hepatobiliary Cancer
Subtrack: Therapeutics
Abstract #: LBA490