Onconews - EPCORE NHL-5: Epcoritamab e lenalidomida no LDGCB recidivante e/ou refratário

linfoma celulas mantoA combinação do anticorpo CD3xCD20 biespecífico epcoritamab com lenalidomida mostrou atividade antitumoral promissora com um perfil de segurança favorável em pacientes com linfoma difuso de grandes células B recidivante/refratário. Os resultados são de análise do estudo EPCORE NHL-5 (braço 1), selecionado para apresentação oral no ASH 2023.

Antecedentes: O prognóstico para pacientes com linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) recidivante/refratário (R/R) é reservado, mesmo se tratado com quimioterapia de resgate e transplante autólogo de células-tronco. A terapia com células CAR T fornece remissão a longo prazo em apenas 40% dos pacientes.

Epcoritamab, um anticorpo subcutâneo biespecífico CD3xCD20 desenvolvido usando a plataforma DuoBody®, recebeu aprovação acelerada da U.S. Food and Drug Administration para adultos com LDGCB R/R não especificado de outra forma, incluindo LDGCB decorrente de linfoma indolente e linfoma de células B de alto grau após ≥2 linhas de tratamento sistêmico.

No estudo EPCORE NHL-1 (Karimi et. al, ASCO 2023, abs 7525), epcoritamab como agente único demonstrou respostas profundas e duráveis (taxa de resposta global, 63%; respostas completas, 40%) e um perfil de segurança manejável em pacientes com linfoma de grandes células B R/R. A combinação de epcoritamab com agentes antineoplásicos que possuem diferentes mecanismos de ação pode oferecer maior benefício clínico aos pacientes.

O estudo multicêntrico de fase 1b/2, não randomizado, aberto, EPCORE NHL-5 (NCT05283720) avaliou a segurança, tolerabilidade e eficácia preliminar do epcoritamab, bem como definiu a dose recomendada quando coadministrado com outros agentes antineoplásicos em pacientes com linfoma não-Hodgkin.

No ASH 2023, os pesquisadores apresentaram os resultados do braço 1 do estudo, que avaliou epcoritamae combinado com lenalidomida em pacientes com LDGCB R/R.

No braço 1, adultos com LDGCB CD20+ R/R (ECOG 0–2) receberam epcoritamab subcutâneo (semanalmente durante o ciclo 1–3, a cada 4 semanas durante o ciclo 4–12) e lenalidomida oral (uma vez ao dia nos dias 1–21) para 12 ciclos de 28 dias. Os pacientes receberam pelo menos uma terapia sistêmica combinada anterior que continha um anticorpo monoclonal anti-CD20.

O endpoint primário foi a identificação de toxicidades limitantes da dose (DLTs). Os principais endpoints secundários incluíram a melhor resposta global avaliada pelo investigador pelos critérios de Lugano 2014 e o tempo de resposta. Os endpoints de segurança incluíram a gravidade e a incidência de eventos adversos (EAs), incluindo EAs de interesse especial para o epcoritamab (síndrome de liberação de citocinas [SRC], síndrome de neurotoxicidade associada a células imunes [ICANS] e síndrome de lise tumoral clínica).

Resultados

Em 22 de maio de 2023, 26 pacientes (mediana de 71 anos; LDGCB, n=24 [92%]; linfoma folicular grau [G] 3b, n=2 [8%]) receberam epcoritamab mais lenalidomida. A duração mediana da exposição ao epcoritamab foi de 3,8 meses (intervalo de 0–7,5) e a duração mediana da exposição à lenalidomida foi de 4,0 meses (intervalo de 0,1–8,2); 15 pacientes (58%) permanecem em uso de epcoritamab e lenalidomida. O número mediano de linhas anteriores de terapia foi 1 (variação de 1 a 4), com 15 (58%) pacientes recebendo 1 linha anterior de terapia anticâncer.

Seis pacientes (23%) haviam recebido CAR T prévio e 2 pacientes foram submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas. Foi observado uma toxicidade limitante de dose (neutropenia). Os eventos adversos (EAs) relacionados ao tratamento (TEAEs) G3-4 mais comuns foram neutropenia (n = 15; 58%), anemia (n = 4; 15%), trombocitopenia (n = 4; 15%) e neutropenia febril (n = 3;12%).

A profilaxia primária com fator estimulador de colônias de granulócitos não foi obrigatória. Os TEAEs levaram à descontinuação de epcoritamab em 1 paciente (3,8%; trombocitopenia). Nenhum paciente apresentou TEAE que levasse à morte que fosse considerado relacionado ao epcoritamab. A síndrome de liberação de citocinas foi predominantemente de baixo grau (73% [19/26] de qualquer grau; 65% G1–2; 8% G3) e ocorreu principalmente após a primeira dose completa (C1D15).

A análise preliminar de biomarcadores mostrou perfis farmacodinâmicos consistentes com o mecanismo de ação do epcoritamab. Estes incluem picos previsíveis de citocinas imediatamente após a primeira dose completa (IFN-gama, IL-2 e IL-6) com uma depleção rápida e sustentada de células B periféricas. Um paciente apresentou ICANS (G3), que foi resolvido após 2 dias.

Entre os pacientes com resposta avaliada (n=24), a taxa de resposta global foi de 75% (95% CI, 53,3, 90,2). Foram observadas respostas metabólicas completas em 14 pacientes (58%) e respostas parciais em 4 pacientes (17%), dos quais 3 estavam em curso no momento do cut-off dos dados. O tempo médio até à primeira resposta foi de 1,8 meses (intervalo de 1,0–2,8). O acompanhamento está em andamento.

“Epcoritamab combinado com lenalidomida mostrou atividade antitumoral promissora com um perfil de segurança tolerável em pacientes com linfoma difuso de grandes células B recidivante/refratário”, concluíram os autores.

Antitumor activity of epcoritamab in response evaluable patients with R/R DLBCL 

Response

R/R DLBCL

(N=24)

Overall response rate, n (%)

18 (75.0)

Complete response

14 (58.3)

Partial response

4 (16.7)

Stable disease

1 (4.2)

Progressive disease

3 (12.5)

Not evaluable

2 (8.3)

Median time to complete response, mo (range)

1.9 (1.6-3.6)

Median time to response, mo (range)

1.8 (1.0-2.8)

Data cutoff date: May 22, 2023. Response assessments were based on Lugano 2014 response criteria by investigator assessment.

DLBCL, diffuse large B-cell lymphoma; R/R, relapsed/refractory.

Referência: 438 Subcutaneous Epcoritamab Plus Lenalidomide in Patients with Relapsed/Refractory Diffuse Large B-Cell Lymphoma from EPCORE NHL-5