Onconews - Prevalência de defeitos de reparo de DNA em pacientes com câncer de próstata avançado

daniel preto 22Daniel Preto (foto), oncologista do Hospital de Câncer de Barretos, é coautor do estudo multicêntrico e internacional PREVALENCE, que avaliou prospectivamente a frequência de alterações no gene de reparo de recombinação homóloga (HRR+) em pacientes com câncer de próstata metastático sensível e resistente à castração. Os resultados foram selecionados para apresentação em pôster no ESMO 2023.

“Até 30% dos pacientes com câncer de próstata avançado apresentam alterações no gene de reparo de recombinação homóloga (HRR). Os pacientes com alterações no gene HRR (HRR+), particularmente aqueles com alterações no gene BRCA, apresentam piores resultados com terapias padrão e podem se beneficiar do tratamento com inibidores de PARP”, observam os autores.

Neste estudo multicêntrico e internacional realizado em 319 locais em 25 países, pacientes com câncer de próstata metastático sensível e resistente à castração (mCSPC/mCRPC) com idade ≥18 consentiram com a coleta de amostras (por exemplo, saliva, sangue, tumor de arquivo) para testes de linhagem germinativa, tecido tumoral e/ou testes de ctDNA. Os genes HRR de interesse incluíram ATM, BRCA1, BRCA2, CHEK2, CDK12, BRIP1, FANCA, HDAC2, PALB2, RAD51B e RAD54L.

Resultados

14.598 pacientes foram inscritos entre abril de 2019 e outubro de 2022. Dos 14.073 pacientes que tiveram pelo menos um resultado em qualquer ensaio, 1.972 (14,0%) pacientes tiveram pelo menos 1 mutação nos genes HRR de interesse. As alterações no gene BRCA foram as mais comuns, ocorrendo em 756 pacientes (5,4%). 7%, 22% e 11,5% dos pacientes que tiveram resultado de teste por linhagem germinativa, tecido tumoral e ctDNA, respectivamente, tiveram pelo menos 1 alteração no gene HRR. A frequência de HRR+ foi semelhante em mCSPC e mCRPC.

Dos pacientes que não tiveram pelo menos um resultado em nenhum ensaio, 143 pacientes (1%) não tiveram amostras submetidas e 382 pacientes (2,6%) falharam no teste em todos os ensaios. A taxa de falha no teste foi maior no tecido tumoral (24,1%), seguida pela linhagem germinativa (3,2%) e ctDNA (2,4%).

Table: 1835P

 

All n=14073#

mCSPC n=7949

mCRPC n=5595

HRR+, n (%) BRCA ATM CHEK2 Other+

1972 (14.0%) 756 (5.4%) 409 (2.9%) 309 (2.2%) 498 (3.5%)

1094 (13.8%) 429 (5.4%) 220 (2.8%) 157 (2.0%) 288 (3.6%)

817 (14.6%) 307 (5.6%) 175 (3.1%) 138 (2.5%) 197 (3.5%)

By Assay Germline, n HRR+, n (%) BRCA+, n (%) Tumor, n HRR+, n (%) BRCA+, n (%) ctDNA, n HRR+, n (%) BRCA+, n (%)

11365 793 (7.0%) 337 (3.0%) 5020 1103 (22.0%) 416 (8.3%) 4247 488 (11.5%) 200 (4.7%)

6538 447 (6.8%) 190 (2.9%) 3417 723 (21.2%) 278 (8.1%) 1737 150 (8.6%) 64 (3.7%)

4372 311 (7.1%) 136 (3.1%) 1467 352 (24.0%) 128 (8.7%) 2359 322 (13.6%) 128 (5.4%)

#Unknown mCSPC/mCRPC: n=529 Includes BRCA1/2 and BRCA co-occurring with other HRR genes +Includes non-BRCA co-occurring

“Em um estudo com mais de 14 mil pacientes com câncer de próstata avançado, 14% tiveram pelo menos 1 alteração no gene HRR, sendo a alteração do gene BRCA foi a mais comum. A frequência de HRR+ foi maior nos pacientes testados pelo tecido tumoral. O estudo PREVALENCE demonstra a viabilidade de testes genéticos prospectivos para identificar pacientes com câncer de próstata que mais se beneficiam de uma abordagem de oncologia de precisão”, concluíram os autores.

O estudo está registrado em ClinicalTrials.Gov, NCT03871816.

Referência: 1835P - A prospective study to determine the prevalence of DNA repair defects in patients (pts) with advanced prostate cancer (PC)