Análise final do estudo de Fase 2 TUXEDO-1 demonstrou que o conjugado de anticorpo-medicamento (ADC) trastuzumabe deruxtecana proporcionou controle prolongado da doença intra e extracraniana em pacientes com câncer de mama HER2-positivo e metástases cerebrais ativas. Os resultados foram selecionados para a sessão de pôster do SABCS 2023, com apresentação do oncologista Rupert Bartsch (foto), professor associado da Universidade Médica de Viena.
“As metástases cerebrais são uma complicação grave do câncer de mama metastático HER2-positivo. Na ausência de qualquer indicação imediata para terapia local, o inibidor da tirosina-quinase tucatinibe combinado com trastuzumabe e capecitabina (TTC) é considerado como a opção de tratamento sistêmico preferencial para metástases cerebrais ativas, enquanto os dados sobre a atividade dos ADCs são limitados”, contextualizaram os autores.
Na análise do endpoint primário do TUXEDO-1, foi relatada uma taxa de resposta intracraniana (RR) de 73,3% com o ADC trastuzumabe deruxtecana (T-DXd). No SABCS 2023, os pesquisadores relataram os resultados finais de sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) do estudo.
TUXEDO-1 é um estudo de fase 2 prospectivo, de centro único e braço único, que incluiu pacientes adultos com câncer de mama HER2-positivo e metástase cerebral ativa (recém-diagnosticada sem tratamento ou progredindo após terapia local prévia), tratamento prévio com trastuzumabe e pertuzumabe, performance status ECOG 0 ou 1 sem indicação para terapia local imediata. Os participantes receberam T-DXd até a progressão, toxicidade inaceitável ou retirada por qualquer outro motivo.
O endpoint primário foi a taxa de resposta intracraniana (RR) avaliada centralmente pelos critérios Response Assessment in Neuro-Oncology (RANO)-BM na população com intenção de tratar; os endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão, sobrevida global, segurança, qualidade de vida (QV) e função neurocognitiva. A SLP e a SG foram estimadas pelo método Kaplan-Meier e analisadas na população por protocolo (PPP).
Resultados
Um total de 15 pacientes foi incluído; um paciente apresentava metástases durais apenas após o reestadiamento, resultando em um PPP de 14 pacientes. Os pacientes receberam um número médio de duas linhas de tratamento anteriores (intervalo de 1 a 5), 60% tinham metástases cerebrais progressivas e 60% receberam T-DM1 anteriormente.
Aos 26,5 meses de acompanhamento mediano, a mediana de SLP foi de 21 meses (95% CI 13,3-n.r.) e a mediana de SG não foi alcançada (95% CI 22,2-n.r.). Foram administrados um total de 238 ciclos de T-DXd (mediana de 11,5 ciclos; intervalo 4-42).
Com um acompanhamento mais longo, não foram observados novos sinais de segurança. O evento adverso (EA) de grau 3 mais comum foi fadiga (n=3; 20%). Um total de 8 eventos adversos graves foram relatados em 8 pacientes. Doença pulmonar intersticial de grau 2 e queda sintomática de grau 3 da fração de ejeção do ventrículo esquerdo foram observadas em um paciente cada.
A qualidade de vida e o funcionamento neurocognitivo foram mantidos durante toda a duração do tratamento e uma deterioração significativa da qualidade de vida global foi observada após a progressão (p = 0,036). A maioria dos pacientes recebeu TTC (n=5) ou terapia local (n=4) como linha de tratamento subsequente. Estudos auxiliares de biomarcadores estão em andamento.
Em síntese, T-DXd produziu controle prolongado da doença intra e extracraniana em pacientes com câncer de mama HER2-positivo com metástases cerebrais ativas, com perfil de segurança consistente com relatórios anteriores. “T-DXd não prejudicou a qualidade de vida e o funcionamento neurocognitivo foi mantido. Os resultados apoiam o conceito de ADCs como terapia sistêmica para metástases cerebrais ativas”, concluíram os autores.
Referência: (PO2-04-05) final outcome analysis from the phase ii tuxedo-1 trial of trastuzumab-deruxtecan in her2-positive breast cancer patients with active brain metastases