Onconews - ctDNA pós-operatório no câncer de cólon de baixo risco

van morris altaVan K. Morris (foto), do MD Anderson Cancer Center, apresenta no ASCO GI 2024 análise pré-planejada do estudo NRG-G1005 (COBRA), que analisou o DNA tumoral circulante (ctDNA) após a ressecção do câncer de cólon (CC) como estratégia para orientar o tratamento. Este é o primeiro estudo prospectivo randomizado avaliando o papel do ctDNA ou biópsia líquida como endpoint primário usando quimioterapia adjuvante em pacientes com CC estágio II de baixo risco, mas foi interrompido depois que os resultados não atingiram o endpoint primário e mostraram que o uso de quimioterapia não aumentou a taxa de depuração de ctDNA entre pacientes com ctDNA detectável após a cirurgia comparados àqueles que não receberam quimioterapia.

Neste ensaio clínico prospectivo de fase II/III foram considerados pacientes com câncer de cólon estágio II ressecado, sem características tradicionais de alto risco, adequados para vigilância ativa (ou seja, sem necessidade de quimioterapia adjuvante, de acordo com o critério do oncologista avaliador). Os pacientes elegíveis foram randomizados 1:1 para dois braços de análise: o padrão de tratamento/observação (braço A) ou terapia dirigida por ensaio de ctDNA (braço B).

O ctDNA foi analisado no sangue pós-operatório com o teste Guardant LUNAR, cobrindo mutações relevantes para CC e perfil de metilação específico para CC. Os pacientes do braço B com ctDNA detectado foram tratados com 6 meses de quimioterapia adjuvante (CAPOX ou FOLFOX). O endpoint primário para o estudo de fase II foi a depuração do ctDNA no período de 6 meses. Um teste exato de Fisher unilateral foi usado para comparar a depuração de ctDNA nos braços A e B entre os primeiros 16 pacientes com ctDNA detectado no início do estudo. Se p>0,35, o estudo seria interrompido por futilidade da depuração do ctDNA, mas caso contrário (se p≤0,35) continuaria para a fase III.

Na fase II da análise pré-planejada foram randomizados 635 pacientes (braço A: 318; braço B: 317). Um paciente com ctDNA detectado no Braço B recusou a quimioterapia dirigida pelo protocolo, mas foi incluído na análise de intenção de tratar. Entre os primeiros 16 pacientes com ctDNA detectado no início do estudo para a análise do endpoint primário, a depuração do ctDNA após 6 meses foi observada em 3/7 pacientes (43%, IC 95% 10-82%) no braço controle e em 1/9 pacientes (11%, IC 95% 0,3-48%) no braço experimental após quimioterapia (p=0,98). Não houve toxicidades imprevistas naqueles tratados com quimioterapia.

Em conclusão, o estudo não atingiu o endpoint primário e outras inscrições foram interrompidas com base em critérios pré-especificados no protocolo. “Nenhuma melhora na depuração do ctDNA foi observada após 6 meses de quimioterapia em pacientes com ctDNA detectado após a ressecção do CC estágio IIA. Ensaios futuros avaliando o ctDNA como um biomarcador integral para determinar doença residual mínima devem levar em conta a especificidade do ensaio nesta população de pacientes”, concluem os autores.

Diante desses resultados, o papel do ctDNA ou biópsia líquida como ferramenta preditiva para orientar e monitorar o tratamento do câncer permanece obscuro. Esses achados aumentam a ambiguidade do papel do ctDNA pós-operatório para orientar o tratamento em pacientes com câncer de cólon em estágio IIA de baixo risco.

Este estudo está registrado na plataforma Clinical Trials.gov: NCT#: 04068103.

Referência: Phase II results of circulating tumor DNA as a predictive biomarker in adjuvant chemotherapy in patients with stage II colon cancer: NRG-GI005 (COBRA) phase II/III study. Clinical Trial Registration Number: NCT04068103. J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 3; abstr 5)