Estudo retrospectivo de mundo real selecionado para apresentação em pôster no ASCO GU 2024 analisou dados sobre testes de testosterona obtidos de uma instituição brasileira para avaliar a eficácia clínica da leuprorrelina, tanto em monoterapia quanto em combinações, no manejo do câncer de próstata. O oncologista Paulo Sérgio Lages (foto), da Oncoclínicas Brasília, é o primeiro autor do trabalho.
Novos agentes hormonais (NHA) fazem parte do tratamento do câncer de próstata, desde a doença localizada de alto risco ao longo do continuum da doença, enquanto a terapia sustentada de privação androgênica (ADT), através da utilização do hormônio liberador de gonadotrofina (agonistas ou antagonistas do GnRH), permanece como a pedra angular deste regime de tratamento combinado.
“Embora tenham sido demonstradas taxas de resposta de PSA mais profundas e precoces com estas combinações, falta informação sobre os níveis de testosterona durante o tratamento com este dupleto”, afirmaram os autores.
Neste estudo, os pesquisadores realizaram uma análise retrospectiva coletando dados de prontuários de pacientes com diagnóstico de câncer de próstata que estavam em tratamento com leuprorrelina isoladamente ou em combinação com um novo agente hormonal (NHA). A estatística descritiva foi avaliada por medianas e a comparação entre grupos foi avaliada pelo teste qui-quadrado. Foram coletados de um período de nove anos, entre 2014 e 2023.
Resultados
Um total de 1.744 testes foram coletados de 240 pacientes individuais. O nível médio de testosterona no baseline foi de 373,9 ng/mL entre aqueles tratados com leuprorrelina em monoterapia e 368 ng/mL para aqueles que receberam leuprorrelina + NHA. Níveis de testosterona < 50 ng/mL foram alcançados em 776/786 testes (98,7%) dos pacientes que receberam leuprorrelina e 945/958 testes (98,6%) nos pacientes que receberam leuprorrelina + NHA (p=0,9).
Níveis de testosterona < 20 ng/mL foram encontrados em 633/786 testes (80,5%) dos pacientes que receberam leuprorrelina e 842/958 testes (87,9%) nos pacientes que receberam leuprorrelina + NHA (p < 0,0001).
“Nesta análise de banco de dados institucional, a leuprorrelina demonstrou níveis semelhantes de supressão de testosterona (< 50 ng/mL) tanto em monoterapia quanto em combinação com novos agentes hormonais. Entretanto, ao analisar níveis mais profundos de supressão de testosterona, a adição de novos agentes hormonais foi associada a diferença estatisticamente significativa na taxa de pacientes com testosterona < 20 ng/mL. Esses resultados reforçam a importância do tratamento hormonal intenso em pacientes com câncer de próstata recebendo leuprorrelina”, concluíram os autores.
Referência: Impact of combined novel hormonal agents on testosterone levels of patients with prostate cancer undergoing treatment with leuprorelin. J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 4; abstr 95). DOI.10.1200/JCO.2024.42.4_suppl.95
