Estudo selecionado como Rapid Oral Abstract no ASCO GU 2024 utilizou um grande conjunto de dados multi-institucional e de mundo real para explorar as diferenças no panorama molecular e imunológico do câncer de próstata de acordo com o local da metástase, analisando como essas diferenças podem contribuir para diferentes resultados clínicos. Os resultados foram apresentados pelo oncologista Umang Swami (foto), da Universidade de Utah.
“Em pacientes com câncer de próstata metastático, locais específicos de metástases estão associados à sobrevida global diferencial, com doença apenas linfonodal (LN) tendo a melhor sobrevida, seguida por osso, pulmão e fígado, cada um apresentando sobrevida progressivamente pior. No entanto, a biologia do tropismo para locais específicos e resultados diferenciais não foi totalmente explorada”, contextualizaram os autores.
Nesse estudo, o sequenciamento de DNA (painel de 592 genes ou exoma completo) e RNA (transcriptoma completo) foi realizado para câncer de próstata primário (PPCa) e locais de metástases de câncer de próstata não pareadas (não visceral: NV e visceral: V).
A deficiência de mismatch repair/alta instabilidade de microssatélites (dMMR/MSI-H) foi testada por IHC/NGS, respectivamente, e foi avaliada a carga mutacional tumoral (TMB; alta >10 mut/Mb). O score de sinalização do receptor de andrógeno (AR) e o score do câncer de próstata neuroendócrino (NEPC) foram calculados usando assinaturas baseadas em RNA previamente definidas.
Resultados
Foram avaliadas 6.074 amostras de câncer de próstata, incluindo 3.411 câncer de próstata primário, 1.634 não visceral (osso = 784, LN = 850) e 1.029 visceral (fígado: 468, pulmão: 177, bexiga: 241, outros: 143). A idade na coleta da amostra variou entre 30 a mais de 89 anos. Em comparação com câncer de próstata primário, foram observadas taxas de mutação significativamente mais altas para múltiplos genes em metástases viscerais (RB1 8% vs 3%, TP53 43% vs 31%, PTEN 12% vs 8%, CTNNB1 8% vs 3%, AR 13% vs 1% , APC 15% vs 5%, AKT1 4% vs 2%; p<0,05 para todos) e não viscerais (AR 9% vs 1%, SPOP 7% vs 10%, TP53 38% vs 31%, CTNNB1 6% vs. 3% e KMT2C 8% vs 5%; p<0,05 para todos).
Alterações de RB1, APC e AR foram mais frequentes, e SPOP menos comum em metástases hepáticas em comparação com câncer de próstata primário, enquanto mutações SPOP, KRAS, PIK3CA, APC e BAP1 foram mais comuns em metástases pulmonares (p < 0,05 para todos). Em comparação com câncer de próstata primário, as metástases viscerais e não viscerais apresentaram maior sinalização AR e scores de interferon-γ, enquanto as metástases viscerais tiveram scores NEPC mais altos e foram mais frequentemente PD-L1 + (SP142) e TMB-alto (p <0,05 para todos).
Não foram observadas diferenças em dMMR/MSI-H entre câncer de próstata primário, metástases viscerais e não viscerais. A prevalência da variante AR-V7 foi significativamente maior em metástases viscerais (36%) e não viscerais (33%) em comparação com câncer de próstata primário (7%, valor p <0,05). A GSEA identificou as vias E2F, checkpoint G2M e alvo MYC como sendo mais regulados positivamente em metástases viscerais e não viscerais em comparação com câncer de próstata primário (q<0,05).
Comparado ao câncer de próstata primário, as metástases viscerais e não viscerais foram significativamente menos enriquecidas em macrófagos M2, células NK e Tregs, enquanto as metástases viscerais também foram menos enriquecidas em células B e neutrófilos (p <0,05).
“Este é o maior estudo a explorar o cenário genômico, transcriptômico e imunológico do tumor de pacientes com câncer de próstata com base em locais de metástase” afirmaram os autores. “Conhecer as diferenças específicas entre vários locais pode ajudar a projetar ensaios clínicos, enriquecer coortes de pacientes com alvos potenciais e selecionar pacientes para inscrição em ensaios clínicos com agentes específicos. Esperamos que, no futuro, isso se traduza em estratégias de tratamento personalizadas”, concluíram.
Referência: Differences in genomic, transcriptomic, and immune landscape of prostate cancer (PCa) based on site of metastasis (mets).