No estudo de Fase 3 FLAURA2 o tratamento de primeira linha com osimertinibe + quimioterapia com pemetrexede e platina (QTx) melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão versus osimertinibe isolado em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado com mutação do EGFR (HR 0,62; p<0,001). No ELCC 2024, resultados pós-progressão mostram tendência em direção ao benefício de sobrevida global, demonstrando que osimertinibe + QTx como primeira linha fornece benefício clínico além da progressão inicial. O oncologista William William (foto) comenta os resultados.
Osimertinibe, um inibidor de tirosina quinase do EGFR (TKI-EGFR) de terceira geração, ativo no sistema nervoso central, inibe de forma potente e seletiva mutações de sensibilização de EGFR-TKI e de resistência a EGFR T790M.
Neste estudo (NCT04035486), pacientes adultos com EGFRm sem tratamento prévio (deleção do Exon 19/L858R) com CPCNP avançado e status de desempenho 0/1 da OMS receberam osimertinibe 80 mg uma vez ao dia (QD) + QTx (pemetrexede + cisplatina ou carboplatina por 4 ciclos a cada 3 semanas [Q3W]), seguido de osimertinibe 80 mg QD + pemetrexede Q3W, ou osimertinibe 80 mg QD em monoterapia, até o critério de progressão/descontinuação. A terapia subsequente foi escolhida pelo investigador. Os endpoints secundários incluíram o tempo desde a randomização até a primeira terapia subsequente (TFST), o tempo até a segunda progressão (SLP2), o tempo até a segunda terapia subsequente (TSST) e sobrevida global (SG). O corte de dados (DCO) foi em 3 de abril de 2023. Uma segunda análise provisória de sobrevida global atualizada (DCO) foi realizada em 8 de janeiro de 2024.
No DCO primário (3 de abril de 2023), 123/279 (44%) vs 151/278 (54%) pacientes haviam descontinuado osimertinibe + QTx vs osimertinibe. Entre esses pacientes, 57/123 (46%; osimertinibe + QTx) vs 91/151 (60%; osimertinibe) iniciaram tratamento subsequente, mais comumente QTx em 37/57 (65%) vs 75/91 (82%) pacientes. As razões de risco para TFST, SLP2 e TSST (IC 95%) foram 0,73 (0,56; 0,94), 0,70 (0,52; 0,93) e 0,69 (0,51; 0,93), respectivamente.
Embora os resultados de SG tenham permanecido imaturos e a significância estatística não tenha sido alcançada na segunda análise (maturidade de 41%; DCO: 8 de janeiro de 2024), foi observada tendência para o benefício de SG. A SG mediana não foi alcançada (IC 95% 38,0, não calculável [NC]) com osimertinibe +QTx e foi de 36,7 meses (IC 95% 33,2, NC) com osimertinibe isoladamente; HR de 0,75 (IC 95% 0,57; 0,97). O benefício de SG foi consistente nos subgrupos predefinidos.
“Esses resultados do FLAURA2 pós-progressão demonstram que osimertinibe + QTx como primeira linha de tratamento fornece benefício clínico além da progressão inicial versus osimertinibe isolado para pacientes com CPCNP avançado com EGFRm. Dados atualizados de SG mostram tendência encorajadora em direção ao benefício de sobrevida global”, concluem os autores.
O oncologista William William, líder nacional de oncologia torácica do Grupo Oncoclínicas, analisa a atualização. “À medida que os dados do FLAURA2 vão amadurecendo, começamos a ter mais clareza com relação ao papel de osimertinibe combinado à quimioterapia. Os dados de sobrevida global são encorajadores e precisam de seguimento mais longo. No entanto, percebemos que dos pacientes que receberam osimertinibe isolado na primeira linha e descontinuaram o tratamento, 40% nunca receberam nenhuma terapia subsequente”, destaca William. “É possível que um dos grandes benefícios da combinação seja justamente garantir a exposição de todos os pacientes tanto ao TKI quanto à quimioterapia, garantindo maiores benefícios a longo prazo”, diz.
Referência: 4O - First-line (1L) osimertinib (osi) ± platinum-pemetrexed in EGFR-mutated (EGFRm) advanced NSCLC: FLAURA2 post-progression outcomes (ID 365)
Speakers: Natalia Isabel Valdiviezo Lama (Lima, Peru)