Em artigo, a presidente do Instituto Lado a Lado Pela Vida, Marlene Oliveira (foto), comenta a consulta pública n° 33, que discute as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Adenocarcinoma de Próstata. O Instituto protocolou uma contribuição que se direciona à três temas principais: rastreamento da população; tratamento do câncer de próstata avançado; e revisão da APAC.
*Por Marlene Oliveira
Apesar de a saúde do homem ser um tema que desperta cada vez mais a atenção dos brasileiros nos últimos anos, não se notou um avanço significativo na atenção de políticas públicas dispensada à população masculina. Esse é um tema que apresenta certas especificidades, como os crescentes índices de morbimortalidade e a tradicional resistência masculina em buscar assistência médica. Tais questões demandam atenção especial de gestores públicos, de profissionais da saúde, de líderes da sociedade civil e da indústria. Entre as condições que afetam os homens especificamente, o silencioso câncer de próstata figura como o mais alarmante problema de saúde pública masculina.
Políticas voltadas à saúde do homem são relativamente recentes no Brasil. Isto é preocupante se levarmos em consideração a crescente incidência de casos de câncer de próstata no país. De acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer que mais acomete homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em 2013, o país registrou 13.772 óbitos por câncer de próstata, o que significa que aproximadamente 38 homens morreram dessa doença por dia. A importância de repensar a saúde do homem se torna mais evidente quando vemos que a incidência do câncer de mama, outro sério problema, se elevou quase três vezes menos que a da próstata (47,7% por 100 mil habitantes).
Diante da resistência masculina em buscar assistência médica, em razão do machismo e da sensação de invulnerabilidade, o caminho para alcançar os homens e convencê-los a ativamente buscar o diagnóstico precoce é a informação. A plena conscientização dos riscos que o câncer de próstata oferece é a forma mais imediata de romper a barreira cultural que ameaça o homem brasileiro.
Para avançarmos no tratamento do câncer de próstata, discutir as diretrizes terapêuticas e o modelo de gestão para uso de recursos públicos em benefício destes pacientes é fundamental. Por isso nós, do Instituto Lado a Lado pela Vida, acreditamos que somente com um debate amplo e plural, que tenha como foco e objetivo final a preocupação com a qualidade de vida e bem-estar do paciente brasileiro com câncer de próstata, é que poderemos avançar no delineamento de políticas públicas que efetivamente atinjam tal objetivo.
No último dia 18 de novembro, em pleno Novembro Azul, foi fechada a consulta pública n° 33 que discute as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Adenocarcinoma de Próstata, ou seja, o protocolo que serve como guia para o diagnóstico e para o tratamento do câncer de próstata para os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). A criação dessa consulta pública é um importante passo para a evolução e reconhecimento da saúde do homem.
O Instituto Lado a Lado pela Vida protocolou uma contribuição para a consulta pública (aqui) que se direciona à três temas principais relacionados ao câncer de próstata: rastreamento da população (diagnóstico precoce); tratamento do câncer de próstata avançado (utilização de medicamentos mais seguros e modernos); e revisão da Autorização de procedimento de Alta Complexidade (APAC) para o tratamento do câncer de próstata avançado.
Como parte da sociedade civil, o Instituto Lado a Lado pela Vida irá acompanhar os resultados dessa consulta pública e continuar colaborando com o Estado para que tenhamos acesso a um sistema de saúde mais justo e inclusivo para os homens brasileiros. Convidamos todos a fazerem o mesmo, juntos temos ainda mais força.
*Marlene Oliveira é presidente do Instituto Lado a Lado Pela Vida e uma das idealizadoras da campanha Novembro Azul em prol da conscientização do câncer de próstata