O oncologista Ricardo Caponero (foto) acaba de assumir o Centro Avançado em Terapia de Suporte e Medicina Integrativa (CATSMI) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, com o desafio de mostrar que há muito mais de cuidado do que a prescrição de novas e poderosas drogas.
“Muitas vezes os tratamentos são realizados simplesmente porque estão disponíveis. Já que é possível, por que não fazer? No entanto, a obstinação terapêutica pode abreviar a sobrevida e piorar a qualidade de vida. O desafio principal é fazer com que médicos, educados na alta tecnologia, entendam que nem sempre mais é melhor”, afirma o especialista.
Ao longo de toda a história da humanidade, esses métodos, erroneamente chamados de "medicina alternativa", sempre foram utilizadas pelos pacientes, independente de terem sido indicadas ou aceitas pela comunidade médica. “É só ver o número desses tratamentos que estão relacionados na página eletrônica do National Cancer Institute”, diz Caponero. Agora, os principais centros de tratamento de câncer do país têm apostado na revalorização da medicina integrativa.
Não há dúvidas de que essas terapias possuem efeito terapêutico, seja pela "psicologia da sugestão", ou por comprovações científicas com mecanismo de ação conhecido. “Hoje reconhecemos muito bem o poder da fé (espiritualidade), da acupuntura, da homeopatia e de várias outras terapias. O grande problema nessa área decorre da rejeição da medicina tradicional, que por considerar esses procedimentos como não científicos, não impõe qualquer restrição à sua prática, o que permite que pessoas sem formação específica possam oferecer o tratamento”, alerta.
O especialista explica que a medicina integrativa tem por missão empregar cientificamente o que possa haver de melhor nessas práticas, buscando a comprovação científica (ou não) da sua utilidade. “Essa é a nossa proposta. Profissionais capacitados, métodos comprovados e pesquisa clínica séria sobre esses métodos, buscando as melhores evidências que respaldem a prática”, conclui.