Onconews - Análise comparativa internacional e roteiro para mercados biossimilares sustentáveis

gustavo werutsky 21 bxO oncologista Gustavo Werutsky (foto) é coautor de artigo publicado no periódico Frontiers in Pharmacology  que buscou avaliar a sustentabilidade das políticas ao longo do ciclo de vida dos biossimilares em países selecionados, com o objetivo de identificar entraves e propor recomendações.

“Embora a aceitação de biossimilares tenha aumentado (a um ritmo variável) em muitos países, tem havido preocupações recentes sobre a sustentabilidade a longo prazo desses mercados”, observam os autores.

O estudo conduziu uma análise comparativa entre 17 países da América do Norte, América do Sul, Ásia-Pacífico, Europa e Conselho de Cooperação do Golfo. As políticas de biossimilares foram identificadas e a sua sustentabilidade foi avaliada com base em análises específicas de cada país sobre a literatura científica e cinzenta (informação sobre o tema produzida sem o rigor científico), validação por especialistas da indústria e 23 especialistas internacionais e locais não envolvidos com a indústria, além de duas reuniões do advisory board com estes especialistas.

Resultados

Como os países europeus tendem a ter mais experiência com biossimilares e quadros políticos mais desenvolvidos, geralmente apresentam pontuações de sustentabilidade mais elevadas em comparação com os outros países selecionados. As abordagens existentes para a fabricação e pesquisa e desenvolvimento de biossimilares, as políticas que garantem sua segurança e alta qualidade, a isenção da obrigação de aplicar avaliação de tecnologias de saúde e as iniciativas que contrariam os conceitos errados sobre biossimilares são consideradas sustentáveis. No entanto, as abordagens de contratação de biossimilares, a educação e a compreensão dos biossimilares podem ser melhoradas em todos os países selecionados.

Além disso, os pesquisadores ressaltam que políticas semelhantes são por vezes consideradas sustentáveis em alguns mercados, mas não em outros. De modo geral, a sustentabilidade do panorama dos biossimilares depende da natureza do sistema de saúde e das políticas existentes de acesso ao mercado farmacêutico, da experiência com a utilização e das políticas de biossimilares. Isto sugere que não existe um conjunto de ferramentas políticas gerais sobre biossimilares que garanta sua sustentabilidade, mas que são variáveis entre os países.

Em síntese, o estudo propõe um conjunto de elementos que devem sustentar o desenvolvimento sustentável de políticas biossimilares ao longo do tempo em um país. “Em primeiro lugar, as políticas de biossimilares devem garantir a segurança e a qualidade dos biossimilares, níveis saudáveis de fornecimento e um nível de economia de custos aos sistemas de saúde. À medida que um país ganha experiência com biossimilares, as políticas precisam otimizar a adoção e combater quaisquer equívocos sobre biossimilares. Um país deve implementar políticas de biossimilares que promovam a concorrência, expandam as opções de tratamento e garantam um ambiente de mercado sustentável”, destacam os autores.

"Os biossimilares têm o potencial de diminuir o custo global dos tratamentos e melhorar o acesso às terapias contra o câncer. Neste cenário, esta revisão descreve o nível de sustentabilidade deste mercado em vários países. Particularmente no Brasil, precisamos aperfeiçoar e clarificar os procedimentos e critérios de avaliação de novas tecnologias em saúde, o acesso a este mercado de biossimilares no país ainda é um desafio para várias indústrias e, por fim, a educação sobre biosimilares deve ser melhorada”, conclui Werutsky.

Referência: Alnaqbi KA, Bellanger A, Brill A, Castañeda-Hernández G, Clopés Estela A, Delgado Sánchez O, García-Alfonso P, Gyger P, Heinrich D, Hezard G, Kakehasi A, Koehn C, Mariotte O, Mennini F, Mayra Pérez-Tapia S, Pistollato M, Saada R, Sasaki T, Tambassis G, Thill M, Werutsky G, Wilsdon T and Simoens S (2023) An international comparative analysis and roadmap to sustainable biosimilar markets. Front. Pharmacol. 14:1188368. doi: 10.3389/fphar.2023.1188368