Análise de mundo real que considerou 61 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas EGFR mutados que receberam amivantamabe após tratamento prévio sugere que amivantamabe é uma opção potencialmente eficaz para pacientes com mutações de EGFR fora das mutações de inserção do Exon 20 (Ex20ins). O estudo conta com a participação do brasileiro Marcelo Negrão (foto) e mostra a viabilidade da combinação de osimertinibe com amivantamabe nessa população de pacientes.
Amivantamabe é um anticorpo biespecífico EGFR/MET aprovado para pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado (CPCNP) com mutações de inserção no Exon 20 do EGFR, após terapia prévia. No entanto, os benefícios e a segurança de amivantamabe em outras mutações EGFR do CPCNP, com ou sem osimertinibe, e com radioterapia concomitante, são menos conhecidos.
Nesta análise, os pesquisadores consultaram as bases de dados do MD Anderson Lung Cancer GEMINI, Fred Hutchinson Cancer Research Center, Davis Comprehensive Cancer Center da Universidade da Califórnia e o banco de dados do Stanford Cancer Center para avaliar resultados de pacientes com CPCNP com mutação de EGFR tratados com amivantamabe fora do contexto de um ensaio clínico. Os dados analisados incluíram resposta inicial, duração do tratamento e segurança concomitante à radiação na população geral e em subgrupos pré-especificados.
Os resultados foram publicados por Wang et al. em artigo no Journal of Thoracic Oncology e incluíram dados de 61 pacientes que receberam amivantamabe. A idade média foi de 65 anos (31 – 81); 72,1% eram do sexo feminino e 77% eram pacientes que nunca fumaram, tratados em média com quatro linhas anteriores de tratamento.
Com base na mutação EGFR do tumor, 39 pacientes estavam na coorte de mutação clássica e 15 pacientes na coorte Exon20, enquanto 7 pacientes foram classificados na coorte atípica. Os autores descrevem que 37 pacientes (58,7%) receberam amivantamabe concomitantemente com osimertinibe e 25 pacientes (39,1%) receberam radioterapia concomitante. Cinquenta e quatro pacientes foram avaliados quanto à resposta na população geral; 19 pacientes (45,2%) tiveram resposta clínica e a taxa de controle da doença (DCR) foi de 64,3%.
Wang e colegas mostram que na coorte de mutação clássica, dos 33 pacientes avaliáveis, 12 (36,4%) tiveram resposta clínica e a DCR foi de 48,5%. Na coorte de mutação atípica, seis dos sete pacientes (85,7%) tiveram resposta clínica e a DCR foi de 100%. Dos 13 pacientes avaliáveis na coorte Exon 20, cinco pacientes (35,7%) tiveram resposta clínica e a DCR foi de 64,3%.
Em relação à segurança, os eventos adversos relatados com o uso de amivantamabe foram semelhantes ao perfil de segurança já conhecido e descrito em bula. Não foram observadas toxicidades adicionais quando amivantamabe foi administrado com radioterapia e/ou osimertinibe.
“Nossa análise multicêntrica do mundo real demonstrou que amivantamabe é uma opção de tratamento potencialmente eficaz para pacientes com mutações de EGFR fora das mutações de inserção do Exon 20. A combinação de osimertinibe com amivantamabe é segura e viável. A radioterapia também parece segura quando administrada sequencialmente ou concomitantemente com amivantamabe”, concluem os autores.
Esta é a primeira análise multicêntrica de mundo real do uso de amivantamabe nos Estados Unidos para CPCNP com mutação EGFR. “Nossa análise para a coorte Ex20ins mostrou taxa de resposta clínica de 36%, comparável aos 40% relatados no ensaio principal”, destacam os autores, em referência à comparação com o ensaio CHYRSALIS. Wang et al. também descrevem que a combinação de amivantamabe com osimertinibe mostrou vantagens nas coortes com mutação clássica e atípica, incluindo atividade aprimorada do SNC e bloqueio mais eficaz do EGFR por meio de duplo mecanismo.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência: DOI: https://doi.org/10.1016/j.jtho.2023.11.020