Estudo publicado na Nature Microbiology realizou uma análise epidemiológica observacional da incidência de papilomavírus humano (HPV) oral em 3.137 homens nos Estados Unidos, México e Brasil entre 2005 e 2009. Os resultados demonstram a frequência com que novas infecções orais por HPV ocorrem, os fatores que influenciam e as variações regionais nas taxas de infecção. “Os resultados derivam de um estudo epidemiológico prospectivo conhecido por estudo HIM (“HPV IN MEN”), sob a liderança de Anna Giuliano do Moffitt Cancer Center (Tampa FL, USA), onde o Brasil teve importante papel”, diz a pesquisadora brasileira Luísa Lina Villa (foto), chefe do laboratório de Inovação em Câncer do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do ICESP e docente da Faculdade de Medicina da USP.
“O HPV oral está associado ao câncer orofaríngeo, e embora a incidência da doença esteja aumentando globalmente, o conhecimento das taxas de infecção oral por HPV é limitado”, argumentam os autores.
Nessa análise, 3.137 homens inscritos nos Estados Unidos, México e Brasil entre 2005 e 2009 foram acompanhados para nova infecção por HPV por uma mediana de 57 meses. A incidência cumulativa e os fatores associados à aquisição também foram avaliados.
Os resultados mostraram que a taxa de incidência de HPV oncogênico oral foi de 2,4 por 1.000 pessoas-meses, que foi constante durante todo o período do estudo. “É interessante notar que a incidência não variou com a idade dos participantes, sendo constante ao longo da vida dos homens”, comenta Luisa.
O estudo identificou vários fatores-chave associados ao maior risco de infecção oral por HPV. Maior grau de escolaridade, maior ingestão de álcool, múltiplas parceiras sexuais femininas, prática constante de sexo oral e parceiros sexuais masculinos foram associados ao risco maior de infecção pelo HPV oral. A perda de dentes devido a doenças orais também foi associada a um risco marginalmente maior.
“Nosso estudo ressalta a importância da vigilância contínua contra infecções orais por HPV. A taxa consistente de infecção por HPV em todas as idades e as variações regionais significativas apoiam maior conscientização para ajudar a prevenir cânceres de orofaringe relacionados ao HPV, incluindo estratégias de vacinação”, destacam os autores.
O estudo foi apoiado pelo National Institutes of Health e pelo National Cancer Institute.
Referência:
Dube Mandishora, R.S., Dickey, B.L., Fan, W. et al. Multinational epidemiological analysis of oral human papillomavirus incidence in 3,137 men. Nat Microbiol (2024). https://doi.org/10.1038/s41564-024-01824-5