Onconews - Análise mostra associação entre tumores hepáticos e hepatectomia oncológica parcial no Brasil

Gabriele Eckerdt Lech (foto), pesquisadora da PUC Rio Grande do Sul, é primeira autora de trabalho publicado no JCO Global Oncology  em análise temporal que descreve a associação entre tumores hepáticos e hepatectomia oncológica parcial no Brasil, de 2021 a 2023.

O carcinoma hepatocelular é descrito como um tumor agressivo, com alta letalidade, e representa o tipo mais comum de câncer hepático. Gabriela Lech e colegas lembram que, embora o único tratamento com potencial curativo para o carcinoma hepatocelular seja a ressecção do tumor, apenas uma pequena parcela dos casos é apta ao tratamento operatório. Neste estudo, o objetivo foi analisar o número de diagnósticos de tumores hepáticos e a variação de hepatectomias parciais realizadas no Brasil ao longo de 3 anos.

A partir de dados coletados no DATASUS, o estudo analisou hepatectomias parciais em oncologia, além do número de diagnósticos, comparando o volume de procedimentos cirúrgicos entre as 5 regiões brasileiras. A análise estatística foi realizada por meio do software estatístico R 4.2.1, considerando-se valores de p significativos < 0,05.

Os resultados mostram que nos anos de 2021, 2022 e 2023 foram diagnosticados 10.144 tumores hepáticos malignos. No mesmo período, foram realizadas 3.017 hepatectomias parciais em oncologia (p < 0,001). O menor número de cirurgias realizadas foi de 951 no ano de 2021, o que pode ter sido influenciado pela pandemia da COVID-19, e o maior foi de 1.098, em 2023. “A variância do número de cirurgias realizadas foi analisada pelo método ANOVA two-way, que apresentou significância estatística na variação entre as regiões ao longo dos anos (p < 0,001). Entretanto, em relação aos anos analisados, a diferença não foi significativa (p = 0,052). Também foi realizado o teste post hoc de Tukey, que mostrou associação significativa entre todas as regiões, exceto pela interação entre Norte e Centro-Oeste (p = 0,982). A interação entre os anos não foi estatisticamente significativa”, descrevem os autores.

Em síntese, esta análise corrobora evidências de que tumores hepáticos são potencialmente curáveis ​​se descobertos em seus estágios iniciais. O número de hepatectomias parciais realizadas em oncologia foi estatisticamente significativo comparado ao número de diagnósticos, confirmando que apenas uma pequena parcela de casos é tratada cirurgicamente. A variação entre as regiões também foi significativa, evidenciando uma distribuição desigual de cirurgias realizadas entre as regiões brasileiras.

Ao lado de Gabriele Eckerdt Lech (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), o estudo tem participação de Laura Roppa Maboni, Pedro Henrique Filipin Von Muhlen e Yasmin Ricarte Hass, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, RS.

Referência:

Gabriele Eckerdt Lech et al., Association Between Hepatic Malignant Tumors and Partial Oncological Hepatectomy in Brazil: A Time Analysis From 2021 to 2023. JCO Glob Oncol 10, 21-21(2024). DOI:10.1200/GO-24-22000