A cirurgiã brasileira Angelita Habr-Gama (foto) foi reconhecida como uma das pesquisadoras mais influentes do mundo, de acordo com a recente atualização do ranking elaborado por especialistas da Universidade de Stanford que lista os 2% dos cientistas mais citados no período entre 1996-2020 (carreira) e também no ano de 2020.
Elaborado pela Universidade de Stanford com base em dados da Scopus da Elsevier, e publicada no PLOS Biology Journal, o ranking é considerado o mais prestigiado do mundo. A seleção é baseada na informação bibliométrica contida na base de dados Scopus, e inclui mais de 160 mil investigadores dos mais de 8 milhões de cientistas considerados ativos em todo o mundo, com 22 áreas científicas e 176 subáreas consideradas. O ranking é baseado em um índice de citação composto (c) que exclui autocitações e considera a posição dos pesquisadores na autoria dos artigos, com ênfase na autoria única, primeira e última. O mesmo índice, incluindo autocitações, é fornecido para comparação. Os c-scores foram calculados para o período 1996-2020 (carreira) e também para o ano de 2020 (um ano).
Médica cirurgiã formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Angelita Habr-Gama foi a primeira mulher residente em cirurgia geral e digestiva do Hospital das Clínicas da FMUSP, primeira professora titular em cirurgia do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade, e primeira mulher estagiária em cirurgia no Saint Mark’s Hospital, Inglaterra.
Publicado em 2004 no Annals of Surgery, seu estudo que investigou a estratégia watch and wait no câncer de reto baixo estádio 0 após a quimiorradioterapia foi o único trabalho desenvolvido na América Latina a figurar no ranking elaborado pelo periódico World Journal of Surgery (WJS), que selecionou os 100 trabalhos científicos de maior impacto para o progresso do conhecimento médico em cirurgia, e recebeu o prêmio de melhor estudo do ano pela American Society of Colon & Rectal Surgeons, em 2013. Hoje considerado seminal, o trabalho definiu uma importante mudança no paradigma do tratamento do câncer do reto.
Foi uma grande surpresa. Eu já havia recebido ano passado uma colocação entre os 100 pesquisadores com trabalhos mais citados na literatura, fiquei muito satisfeita. Agora, esse novo reconhecimento é muito oportuno, porque chega em um momento em que estamos com vários problemas no Brasil, muita gente desacreditada, muitos talentos saindo do país. Esse reconhecimento pode servir como um estímulo, mostrar aos jovens que apesar das dificuldades que enfrentamos para fazer pesquisa no Brasil, nós temos a oportunidade, a capacidade de publicar trabalhos respeitados, ter ideias novas que são respeitadas. Isso é um estímulo para a juventude, que mostra a força do estudo e do trabalho", afirma Angelita.
Angelita Habr-Gama é professora titular emérita de cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), e atua como cirurgiã do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, e no Instituto Angelita e Joaquim Gama.
Confira a entrevista exclusiva concedida pela especialista ao Onconews em abril de 2017.