A era das terapias personalizadas no tratamento do câncer trouxe uma nova geração de antineoplásicos de uso oral. Artigo publicado online dia 13 de outubro no JAMA Oncology mostra que a mudança de paradigma requer prescritores mais bem informados sobre o potencial para interações medicamentosas. O risco é elevado e a maioria dos antineoplásicos orais aprovados desde 2010 está associada com múltiplas interações, aponta o estudo.
Grande parte das interações medicamentosas é atribuída à ativação e inativação de enzimas do metabolismo hepático, como a CYP3A4. Outro frequente mecanismo de interação decorre da indução e inibição da glicoproteína P, responsável pelo transporte de substâncias para fora das células (Tabela1 abaixo).
{jathumbnail off}A taxa de prevalência mediana de pacientes internados ou em atendimento ambulatorial para o tratamento de interações medicamentosas nos Estados Unidos é superior a 30% e o risco é aumentado pelo uso de medicações concomitantes para doenças preexistentes, o que é frequente no paciente oncológico.
Interações medicamentosas são comumente associadas a reações adversas, mas a redução da eficácia da droga é igualmente prejudicial e, possivelmente, subvalorizada. Um exemplo reconhecido inclui a administração concomitante de dasatinibe e de um inibidor da bomba de protons, o que diminui a absorção do antineoplásico. Outro exemplo importante é o efeito potencial de metformina (e outros inibidores de transportadores de influxo) sobre a absorção de imatinibe pelas células do tumor.
Para os autores, um apoio importante para oncologistas e pacientes é a presença na equipe multidisciplinar de um farmacêutico clínico para dedicar atenção particular aos riscos de interações medicamentosas. Monitorar criteriosamente os efeitos tóxicos ou a falta de resposta é pressuposto indispensável nos cuidados em câncer e ignorar essas recomendações pode resultar em efeitos dramáticos.
Referências
Drug-Drug Interactions With Oral Antineoplastic Agents
Sandeep Parsad, PharmD1; Mark J. Ratain, MD2
JAMA Oncol. Published online October 13, 2016. doi:10.1001/jamaoncol.2016.3323
http://jamanetwork.com/journals/jamaoncology/fullarticle/2569062