A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o anticorpo monoclonal isatuximabe (SARCLISA®, Sanofi Genzyme) em combinação com pomalidomida e dexametasona para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo recidivado e refratário (MMRR) que receberam pelo menos duas terapias anteriores, incluindo lenalidomida e um inibidor de proteassoma. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União1 (DOU) no dia 29 de março. A aprovação é baseada nos resultados do estudo de Fase III ICARIA2.
Isatuximabe é um anticorpo monoclonal derivado de IgG1 que se liga a um epítopo extracelular específico do receptor CD38 e desencadeia vários mecanismos que levam à morte de células tumorais que expressam CD38.
O ICARIA-MM (NCT02990338) é um estudo de Fase III, multicêntrico, multinacional, randomizado, aberto, de dois braços, com 307 pacientes com mieloma múltiplo recidivado e refratário que receberam pelo menos duas terapias anteriores, incluindo lenalidomida e um inibidor de proteassoma. Os pacientes foram randomizados (1: 1) para receber isatuximabe-irfc com pomalidomida e dexametasona em baixa dose (Isa-Pd, 154 pacientes) ou pomalidomida e dexametasona em baixa dose (Pd, 153 pacientes).
O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada por um comitê independente com base em dados laboratoriais centrais para proteína M e análise de imagem radiológica central utilizando critérios do International Myeloma Working Group (IMWG).
A melhora na SLP representou uma redução de 40% no risco de progressão da doença ou morte em pacientes tratados com Isa-Pd (HR 0,596; 95% CI: 0,44-0,81; p = 0,0010). A mediana de SLP para os pacientes que receberam Isa-Pd foi de 11,53 meses (95% CI: 8,94-13,9) vs 6,47 meses (95% CI: 4,47-8,28) para aqueles que receberam Pd.
Os eventos adversos mais comuns (≥20% dos pacientes) foram neutropenia, reações infusionais leves e moderadas, pneumonia, infecção do trato respiratório superior e diarreia. A qualidade de vida do paciente, conforme avaliada pelo Global Health Status Score, foi mantida durante o tratamento e foi semelhante entre os grupos (IsaPd vs Pd).
“A adição de isatuximabe à pomalidomida-dexametasona melhora significativamente a sobrevida livre de progressão em pacientes com mieloma múltiplo recidivado e refratário, representando uma nova opção de tratamento importante para o tratamento desses pacientes, principalmente para aqueles que se tornam refratários à lenalidomida e a um inibidor de proteassoma”, concluíram os autores.
O medicamento foi aprovado para essa indicação pelas agências reguladoras Food and Drug Administration (FDA)3 e European Medicines Agency (EMA)4. Estudos clínicos estão em andamento para indicações em outras linhas de tratamento do MMRR e outras patologias.
Referências:
1 - DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Publicado em: 29/03/2021 | Edição: 59 | Seção: 1 | Página: 126
2 - Attal M, Richardson PG, Rajkumar SV, et al; on behalf of the ICARIA-MM study group. Isatuximab plus pomalidomide and low-dose dexamethasone versus pomalidomide and low-dose dexamethasone in patients with relapsed and refractory multiple myeloma (ICARIA-MM): a randomised, multicentre, open-label, phase 3 study. Lancet. 2019;394(10214)(suppl):2096-2107.