Cada vez mais pacientes com câncer recebem o tratamento com quimioterapia oral, o que se traduz em maior responsabilidade em relação à adesão e controle dos efeitos colaterais. Um novo estudo buscou avaliar a eficácia de um aplicativo móvel para smartphone para melhorar a adesão e o gerenciamento de sintomas em pacientes que receberam quimioterapia oral. Os dados foram apresentados no 2017 Palliative and Supportive Care in Oncology Symposium.
Métodos
Entre fevereiro de 2015 e dezembro de 2016, 181 pacientes de um mesmo centro com prescrição de terapia oral para o tratamento de diversos tipos de câncer foram randomizados para receber o aplicativo móvel ou o padrão de cuidados.
O aplicativo móvel incluiu um plano de tratamento de medicamentos com alertas, módulo de relatório de sintomas, biblioteca de educação e recursos específicos de câncer. O resultado primário foi a adesão, medida pelo electronic pill cap (MEMS) e auto-relato (Morisky Medication Adherence Scale, MMAS).
Para avaliar sintomas, humor e qualidade de vida, os participantes completaram o Inventário de Sintomas do MD Anderson, Hospital Anxiety & Depression Scale (HADS); e Functional Assessment of Cancer Therapy-General (FACT-G) no baseline e em 12 semanas.
Resultados
Os grupos do estudo não diferiram entre as medidas de resultados do baseline até a semana 12, exceto os pacientes no grupo de aplicativos móveis que tiveram menos redução no bem-estar social (FACT-G) ao longo do tempo (Diff = 1,67, IC 95% = -3,12, -0,21, p = 0,025).
As análises secundárias mostraram que a adesão no baseline (MMAS) e a ansiedade (HADS) foram moderadores dos efeitos de intervenção na aderência auto-relatada e controlada eletronicamente.
Entre os pacientes que relataram problemas de adesão, os que foram atribuídos ao aplicativo móvel apresentaram melhor média de adesão MEMS (Diff = 22,30, IC 95% = -42,82, -1,78, p = 0,034) em comparação com os pacientes que receberam o padrão de cuidados.
Da mesma forma, entre os pacientes com maior ansiedade no baseline, aqueles no grupo de aplicativos móveis apresentaram melhor adesão média MEMS (Diff = -16.08, 95% IC = -31.74, -0.41, p = .044) e relataram menos problemas de adesão no MMAS às 12 semanas (4,3% vs 32%, OR = 0,06, IC 95% = 0,003, 0,96, p = 0,47) em comparação com o grupo do padrão de cuidados.
Os pesquisadores concluíram que um aplicativo móvel centrado no paciente, projetado para melhorar a adesão à quimioterapia oral, pode ser especialmente útil para pacientes com certos fatores de risco, como aqueles que lutam com adesão ou ansiedade.
Informações do ensaio clínico: NCT02157519
Referência: Abstract 230 - Randomized trial of a smartphone mobile app for adherence to oral chemotherapy. - Poster Board Number: Poster Session A (Board #L8) - Citation: J Clin Oncol 35, 2017 (suppl 31S; abstract 230) - Jamie M. Jacobs et al