Onconews - Apoio psicossocial ainda não é realidade no câncer de mama metastático

DEPRESSAO NET OKO diagnóstico de câncer de mama metastático pode afetar o bem-estar físico e emocional, mas apesar da prevalência de depressão, ansiedade e angústia entre esses pacientes, o suporte psicossocial permanece como uma necessidade não atendida, com profundas barreiras que acabam por afetar ainda mais grupos minoritários.

Neste estudo liderado por Laura Pinheiro, da Weill Cornell Medicine, os pesquisadores buscaram avaliar diferenças raciais e étnicas na oferta de cuidados psicossociais ambulatoriais e de medicamentos de suporte em adultos com câncer de mama metastático, a partir do banco de dados INSIGHT-Clinical Research Network, que inclui mais de 12 milhões de pacientes que recebem cuidados em seis sistemas de saúde da cidade de Nova York.

A atenção psicossocial ambulatorial foi definida como psicoterapia ou aconselhamento ambulatorial, a partir de códigos de terminologia dos procedimentos. Medicamentos de cuidados psicossociais/de suporte foram definidos usando códigos Rx Concept Unique Identifier. As associações entre raça/etnia e atendimento ambulatorial e uso de medicamentos foram avaliadas por meio de regressão logística.

Entre os 5.429 adultos da coorte analítica, a idade média foi de 61 anos e <1% eram do sexo masculino; 53,6% eram brancos não hispânicos (NHW), 21,4% negros não hispânicos (NHB), 15,9% hispânicos, 6,1% asiáticos/nativos do Havaí/ilhas do Pacífico (A/NH/PI) e 3% outros ou desconhecidos. Pinheiro e colegas descrevem que apenas 4,1% tiveram ≥uma consulta ambulatorial de atendimento psicossocial e 63,4% receberam ≥um medicamento. Ajustado para idade, em comparação com NHW, os pacientes hispânicos foram mais prováveis de receber atendimento (odds ratio [OR], 2,14 [IC 95%, 1,55 a 2,92]), enquanto em pacientes A/NH/PI a probabilidade de receber atendimento ambulatorial foi menor (OR, 0,35 [IC 95%, 0,12]). a 0,78. Os pacientes NHB (OR, 0,59 [IC 95%, 0,51 a 0,68]) e asiáticos (OR, 0,36 [IC 95%, 0,29 a 0,46]) tiveram menor probabilidade de receber medicamentos prescritos.

“Entre uma coorte grande e diversificada de homens e mulheres com câncer de mama metastático tratados na cidade de Nova York durante um período de 10 anos, observamos baixa utilização de cuidados psicossociais ambulatoriais documentados. Contudo, o uso de medicamentos de suporte foi prevalente, com 63,6% de pelo menos um medicamento de suporte prescrito durante o período do estudo”, analisam os autores.

Os resultados mostram, ainda, que embora os pacientes hispânicos/latinos e negros não hispânicos tenham sido mais propensos a ter uma consulta psicossocial ambulatorial, tiveram menos probabilidade de receber uma prescrição de medicação de suporte em comparação com os pacientes asiáticos ou brancos não-hispânicos.

“Diante da importante carga psicossocial do diagnóstico e tratamento do câncer de mama metastático, a pequena proporção de adultos em nosso estudo com uma consulta psicossocial ambulatorial documentada leva à consideração de barreiras ao encaminhamento e utilização de serviços psicossociais ambulatoriais”, destacam os autores, sublinhando necessidades não atendidas e diferenças importantes por raça/etnia no contexto norte-americano.

A análise lembra que a Sociedade Americana de Oncologia (ASCO) recomenda exames de rotina para depressão, ansiedade e sofrimento. Em determinação semelhante, a Comissão de Câncer do Colégio Americano de Cirurgiões recomenda que, para receber o credenciamento, os centros devem realizar exames de avaliação emocional para avaliar o sofrimento de pacientes com câncer. No entanto, evidências recentes mostram que apenas 50%-65% dos pacientes com câncer são atualmente rastreados quanto ao bem-estar emocional, o que pode contribuir para a baixa utilização de cuidados psicossociais.

Referência: Laura C. Pinheiro et al., Racial and Ethnic Differences in Psychosocial Care Use Among Adults with Metastatic Breast Cancer: A Retrospective Analysis Across Six New York City Health Systems. JCO Oncol Pract 0, OP.23.00528. DOI:10.1200/OP.23.00528