A ASCO publicou diretrizes atualizadas para o manejo de pacientes com câncer de pulmão de pequenas células (CPPC), compreendendo recomendações baseadas em evidência e posições de consenso. O oncologista William William (foto), líder nacional de Oncologia Torácica do Grupo Oncoclínicas, comenta as recomendações.
As novas diretrizes para CPPC foram baseadas em ampla pesquisa bibliográfica, incluindo revisões sistemáticas, meta-análises e ensaios clínicos randomizados publicados de 1990 a 2022. A pesquisa identificou 95 estudos relevantes, com dados sobre taxas de resposta, sobrevida global, sobrevida livre de doença ou sobrevida livre de recorrência, além de dados de qualidade de vida. Consensos de especialistas também foram considerados.
Nesta atualização, a ASCO reafirma a recomendação de quimioterapia (QT) adjuvante no CPPC ressecado em estágio limitado (CPPC-LS), em pacientes com performance status adequado. A QT adjuvante deve idealmente considerar quatro ciclos de cisplatina ou carboplatina mais etoposídeo e ser iniciada dentro de 8 semanas após a ressecção. Nesses pacientes, cisplatina e etoposídeo devem idealmente ser administrados com radioterapia concomitante.
Como terapia sistêmica, em pacientes com CPPC ressecado em estágio limitado contraindicados ao uso de cisplatina, o esquema de carboplatina e etoposídeo pode ser oferecido concomitante à radioterapia.
Outra recomendação diz respeito a pacientes com doença extensa. A terapia sistêmica de primeira linha com carboplatina e etoposídeo ou cisplatina mais imunoterapia (durvalumabe, por exemplo) seguida de imunoterapia de manutenção deve ser oferecida a pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio extenso (ES-SCLC) se não houver contraindicações à imunoterapia.
Em pacientes com CPPC recidivado com intervalo <90 dias sem quimioterapia, a quimioterapia de agente único pode ser oferecida. Os agentes preferidos são topotecano ou lurbinectedina, preconiza a diretriz.
Para o oncologista, os desfechos com os atuais tratamentos padrões ainda precisam ser muito melhorados. “As diretrizes comentam sobre esforços que estão sendo realizados com este objetivo, incluindo o desenvolvimento de biomarcadores que ainda não podem ser utilizados rotineiramente. As diretrizes também comentam sobre várias nuances do tratamento sistêmico, incluindo considerações para tratamento de pacientes com câncer de pulmão com mutação de EGFR e transformação para pequenas células, assim como o uso de fatores de crescimento durante radioterapia”, prossegue William. “Recomendamos que os profissionais de saúde examinem a literatura citada, ao lerem as diretrizes, uma vez que as recomendações colocadas precisam ser cuidadosamente ponderadas caso a caso, na ausência de dados robustos”, conclui.
A íntegra das recomendações está disponível em acesso aberto.
Referências: DOI: 10.1200/JCO.23.01435 Journal of Clinical Oncology. Published online October 11, 2023.