A ASCO atualizou as diretrizes de conduta com recomendações baseadas em evidência para o tratamento sistêmico de pacientes com câncer anal de células escamosas em estágio I-III. O conjunto das recomendações está na edição de fevereiro do Journal of Clinical Oncology (JCO), em artigo de Morris et al. O trabalho tem a participação da oncologista Rachel Riechelmann (foto).
Estimativas apontavam 10.540 novos casos de câncer anorretal em 2024, com 2.190 mortes, indicando aumento de 5,1% nas taxas de mortalidade ajustadas pela idade a cada ano de 2013 a 2022. O tipo mais comum de câncer anal é o carcinoma de células escamosas (CEC) e a maioria dos casos está relacionada à infecção pelo papilomavírus humano (HPV). A publicação lembra que as taxas são maiores entre homens negros e mulheres brancas, reforçando que diante da crescente incidência de câncer anal, há uma necessidade também crescente de opções de tratamento mais avançadas e eficazes.
De acordo com a diretriz atualizada da ASCO, a mitomicina-C (MMC) com uma fluoropirimidina (fluorouracil [FU] ou capecitabina) é recomendada como o componente radiossensibilizador da quimiorradiação (CRT) para câncer anal. “O Painel de Especialistas reconhece que a capecitabina é frequentemente usada como alternativa à FU e está sendo usada atualmente em ensaios clínicos em andamento. A cisplatina com FU é uma combinação adicional de quimioterapia que pode ser recomendada como quimioterapia radiossensibilizadora”, acrescenta a publicação.
Em razão da mielossupressão associada à MMC, o Painel de Especialistas observa que o regime preferível para pacientes com imunossupressão é a cisplatina e a FU. A cisplatina não é recomendada para pacientes com disfunção renal, neuropatia significativa ou perda auditiva e não há evidências para recomendar a substituição da carboplatina pela cisplatina. As opções de dose e cronograma para os agentes quimioterápicos recomendados estão incluídas no texto completo da diretriz. A quimioterapia de indução de rotina antes da CRT e a quimioterapia adicional após a CRT não são recomendadas para pacientes com câncer anal localizado.
A diretriz lembra, ainda, que além dos resultados de sobrevida, a resposta completa é um resultado importante de interesse, pois os respondedores completos à quimiorradiação definitiva podem evitar a ressecção abdominoperineal, que envolve a perda do esfíncter anal e uma colostomia permanente.
Acompanhe no JCO a íntegra das recomendações da ASCO em https://ascopubs.org/doi/10.1200/JCO-24-02120.
Referência:
Van K. Morris et al., Systemic Therapy for Stage I-III Anal Squamous Cell Carcinoma: ASCO Guideline. JCO 43, 605-615(2025). DOI:10.1200/JCO-24-02120