Onconews - ASTRO atualiza diretrizes para o tratamento de radioterapia no câncer retal

radioterapia 2020 bxUma nova diretriz clínica da American Society for Radiation Oncology (ASTRO) fornece orientações para o tratamento de radioterapia em pacientes com câncer retal localmente avançado. O guideline descreve recomendações para a irradiação pélvica e para integrar radioterapia, quimioterapia e cirurgia na doença estágio II-III. A diretriz, que substitui a orientação de 2016 da ASTRO para câncer retal, foi publicada na Practical Radiation Oncology.

O tratamento padrão para câncer retal localmente avançado geralmente envolve quimioterapia ou radiação de curta duração sem quimioterapia, seguida por cirurgia de remoção de tumor e quimioterapia adicional. Mais recentemente, vários ensaios clínicos mostraram o potencial de paradigmas emergentes, como alterar a sequência de tratamento ou desintensificar o tratamento para pacientes selecionados.

Pela nova diretriz, a radioterapia neoadjuvante é fortemente recomendada para pacientes com câncer retal estágio clínico II-III para reduzir o risco de recorrência locorregional. A radioterapia para câncer retal localmente avançado deve ser realizada antes, e não depois da cirurgia. Para pacientes com baixo risco de recorrência, a radiação pode ser omitida em favor da cirurgia inicial, após discussão multidisciplinar. O estadiamento clínico envolvendo exame físico e ressonância magnética pélvica é fundamental para determinar quais pacientes devem receber radioterapia neoadjuvante.

Para os pacientes que requerem radioterapia neoadjuvante, tanto a radiação convencionalmente fracionada quanto a de curta duração são igualmente recomendadas, com evidências que atestam eficácia semelhante, com resultados equivalentes de qualidade de vida. A diretriz traz especificações quanto à dosagem ideal, fracionamento e técnicas recomendadas.

As recomendações também consideram como incorporar a quimioterapia ao ambiente pré-operatório para pacientes que apresentam alto risco de recorrência e que provavelmente se beneficiariam com o tratamento adicional usando a abordagem de terapia neoadjuvante total (TNT). As diretrizes ainda enfocam questões de sequenciamento e tempo ideal para radiação, quimioterapia e cirurgia, com atenção específica à tolerabilidade do tratamento e possível redução do estadiamento.

Abordagens de preservação de órgãos (manejo não operatório e excisão local) podem representar uma alternativa à cirurgia radical para pacientes selecionados, especialmente aqueles que teriam uma colostomia permanente ou continência intestinal inadequada após a cirurgia. A diretriz traça critérios específicos para situações em que a cirurgia pode ser evitada, assim como estabelece recomendações de vigilância e cuidados de longo prazo para esses pacientes.

O câncer colorretal é a segunda causa mais comum de morte por câncer nos EUA, e metade dos novos diagnósticos ocorre em pessoas com 66 anos ou menos. Os diagnósticos de câncer retal são responsáveis ​​por quase um terço dos casos de câncer colorretal. Em 2020, estima-se que 43.340 adultos serão diagnosticados com câncer retal. 

COVID-19 e câncer retal

Embora a diretriz tenha sido concluída antes da pandemia de COVID-19, as recomendações também podem amparar médicos e pacientes no contexto atual. "Os pacientes geralmente concluem a radioterapia de curta duração em uma semana, em comparação com cinco semanas e meia para o tratamento de radiação padrão. Isso é particularmente importante na era COVID, quando é importante minimizar o tempo do paciente no hospital e questões como a toxicidade financeira são especialmente relevantes", disse Prajnan Das, coordenador da for-ça-tarefa responsável pelo guideline de câncer retal e chefe do departamento de radioterapia gastrointestinal do MD Anderson Cancer Center. 

Referência: Wo, J. Y., Anker, C. J., Ashman, J. B., Bhadkamkar, N. A., Bradfield, L., Chang, D. T., … Das, P. (2020). Radiation Therapy for Rectal Cancer: Executive Summary of an ASTRO Clinical Practice Guideline. Practical Radiation Oncology. doi:10.1016/j.prro.2020.08.004