O Dia Nacional de Combate ao Câncer é celebrado dia 27 de novembro. Para os médicos, a data pode servir como um momento de reflexão e avaliação dos avanços e desafios na atenção oncológica no país. Afinal, temos motivos para comemorar?
“Mais que comemorada, é uma data para ser lembrada”, afirma o CEO da Oncologia D'Or, Rodrigo Lima.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa para o ano de 2014, válida também para o ano de 2015, é de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer, incluindo o câncer de pele não melanoma. O número nos dá uma ideia do tamanho do problema do câncer no país. “São os dados oficias, mas acredito que essa seja uma estatística subestimada”, alerta o cirurgião oncológico Ademar Lopes, do A.C.Camargo Cancer Center.
Para discutir os avanços da especialidade no Brasil, seja em prevenção, diagnóstico e tratamento, bem como quais os principais desafios e oportunidades da atenção oncológica para os próximos anos, Onconews ouviu alguns dos principais especialistas de câncer do país. Afinal, quais foram os grandes acertos? Onde podemos avançar? Quais os gargalos mais importantes encontrados pelo paciente de câncer?
Apesar de muitas vezes diversas, as opiniões apresentaram alguns pontos em comum. Prevenção foi um deles. Foram mencionados sucessos no Programa Nacional de Controle do Tabagismo e a recente inclusão da campanha de vacinação contra o HPV pelo Ministério da Saúde. No entanto, o sedentarismo e a obesidade surgem como fatores importantes nos quais ainda é preciso trabalhar.
O diagnóstico precoce também foi apontado como uma área onde é preciso desenvolver novas estratégias. Em tempos de diagnóstico molecular, onde é possível identificar populações de pacientes que se beneficiariam de determinadas drogas-alvo, o país ainda apresenta deficiências no acesso e qualidade de exames simples como a mamografia.
A incorporação de novas tecnologias também foi bastante citada, deixando evidente um abismo entre o sistema de saúde privado e suplementar e o sistema único de saúde (SUS). “É assustador pensar na dramática discrepância que enfrentamos ao transitar do SUS para a saúde suplementar. O SUS é um projeto louvável no objetivo de levar saúde para toda a população, mas é subfinanciado e com uma gestão inadequada. Dois pesos e duas medidas para a vida dos brasileiros”, lamenta o oncologista Carlos Barrios, diretor do Instituto do Câncer Mãe de Deus e diretor executivo do Grupo Latino Americano de Pesquisa em Oncologia (LACOG).
No entanto, Barrios ressalta que o problema é coletivo, e lamentavelmente a política que todos têm praticado é a de apontar o dedo sem assumir ou reconhecer sua própria responsabilidade. “Devemos ser criativos, explorar novas estratégias e modelos, dialogar. Somente com uma discussão aberta e participação coletiva teremos condições de negociar produtivamente, entendendo as razões e limitações de cada interlocutor é o único caminho. Não existe uma resposta, uma solução, e sim a necessidade de trabalharmos juntos para descobrir qual o melhor caminho”, conclui.
Confira abaixo alguns trechos dos depoimentos dos opinion leaders da oncologia ouvidos por nossa reportagem.
Luciano de Souza Viana, oncologista clínico, vice-diretor clínico do Hospital de Câncer de Barretos
“Estamos vivenciando nos últimos anos grandes avanços nas três esferas do combate ao câncer: prevenção, diagnóstico e tratamento. Na prevenção, devemos citar a inclusão da campanha de vacinação contra o HPV pelo Ministério da Saúde do Brasil, o Programa Nacional de Controle do Tabagismo e a maior difusão da informação sobre os efeitos benéficos de uma vida saudável, incluindo cuidados com a exposição solar, dieta rica em frutas e combate ao sedentarismo. Já os avanços no diagnóstico incluem a melhor caracterização molecular do tumor, melhores tecnologias para estadiamento da doença, permitindo o crescimento da cultura da medicina personalizada.”
“No tratamento, podemos citar a incorporação de técnicas cirúrgicas menos invasivas, aparelhos radioterápicos mais modernos, além do desenvolvimento de novos medicamentos antineoplásicos. O caráter multidisciplinar do atendimento é outro avanço na medicina, com vários profissionais definindo as melhores estratégias para cada paciente. Entretanto, cada novo avanço no tratamento contra o câncer reforça a ideia de que a prevenção é o método mais custo-eficaz para ganhar essa batalha.”
“Os grandes desafios da atenção oncológica no Brasil são melhorar o acesso a serviços com capacidade para realizar atendimento humanizado, integral e com qualidade; entender as necessidades individuais para melhorar a adesão aos programas de prevenção e tratamento; melhorar o acesso aos novos medicamentos antineoplásicos já comprovadamente eficazes; intensificar as estratégias para combater o tabagismo na adolescência; e incluir a pesquisa clínica como forma de combate ao câncer.”
Vergílio Antonio Rensi Colturato, hematologista e oncologista clínico do Hospital Amaral Carvalho
"Houve um avanço com relação à prevenção do câncer no país. Prova disso é o sucesso de campanhas como o Outubro Rosa, que incentiva as mulheres à prevenção do câncer de mama e dissemina informações sobre a doença, além do Novembro Azul, que tem trazido resultados bastante interessantes, esclarecendo dúvidas sobre o câncer de próstata e diminuindo a resistência dos homens. Campanhas contra o tabagismo têm sido estabelecidas e com resultados importantes, e existem ainda programas em desenvolvimento para prevenção do câncer de colón e de pele, além do programa de estímulo ao exame de Papanicolaou (que é uma realidade envolvendo várias cidades brasileiras), o Brasil conta com um programa de vacinação contra o HPV, para adolescentes maiores de 13 anos."
"Há um esforço muito grande por parte do Ministério da Saúde em padronizar diagnósticos e protocolos terapêuticos no Brasil. É um processo gradual, mas que está acontecendo com vigor. No Estado de São Paulo existe um programa chamado Rede Hebe Camargo, que busca a descentralização dos procedimentos mais simples e a centralização dos procedimentos mais complexos, em centros de referência em oncologia. Esse programa está sendo otimizado e se desenvolvendo plenamente. Por isso, podemos afirmar que as oportunidades relacionadas à atenção oncológica no Brasil têm sido ampliadas e os pacientes serão os beneficiados."
Nelson Hamerschlak, coordenador médico do Centro de Oncologia e Hematologia Família Dayan - Daycoval do Hospital Israelita Albert Einstein
“O câncer e a preocupação com a prevenção vem cada vez mais fazendo parte da agenda do cidadão, e a educação ė a única forma de se atingir os objetivos pretendidos. Creio que os avanços que temos observado na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer são enormes. Esforços em todo o mundo são feitos para a prevenção e detecção precoce. O diagnóstico hoje chega em nível molecular, possibilitando terapêuticas cada vez mais específicas, seguras e com menos efeitos adversos. O grande desafio no Brasil é agilizar pesquisas clínicas, aprovação de novos medicamentos e disponibilização dos mesmos de forma universal.”
Antônio Carlos Buzaid, chefe geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes
“Estamos vendo evoluções no câncer principalmente no âmbito da imunoterapia, que eu considero a área mais promissora da Oncologia. São agentes com excelentes resultados em monoterapia que agora confirmam os benefícios do tratamento combinado, explorando a inibição de checkpoints com importante atividade no melanoma metastático. Quanto ao Brasil, infelizmente, tanto no processo de aprovação de drogas quanto de pesquisa clínica, estamos muitos distantes dos países desenvolvidos. A pesquisa clínica poderia proporcionar ao paciente brasileiro as melhores opções de tratamento, com acesso a drogas que são consideradas o padrão ouro praticado em outros países e que têm demonstrado resultados surpreendentes. No entanto, a demora no tempo de aprovação de protocolos deixa nosso paciente à margem dessa evolução. Há ainda que muito fazer até toda essa inovação fazer parte do tratamento de todos os pacientes brasileiros.”
Gilberto Lopes, diretor científico do HCor-Onco e da rede Oncoclínicas
“Embora tenhamos muito trabalho pela frente, avançamos sim. Pacientes na medicina suplementar têm acesso a quase todos os tratamentos considerados padrão em países desenvolvidos, especialmente depois da inclusão dos medicamentos orais ao rol da ANS no começo do ano. No SUS os desafios são maiores, mas também temos sinais alentadores. O número de fumantes caiu a menos de 15% em decorrência de várias ações governamentais e da sociedade, começamos a vacinar milhões de meninas contra o HPV e temos programas básicos de rastreamento para câncer de colo de útero e mama. Além disso, o governo comprou 80 aceleradores lineares para radioterapia, o que esperamos que ajude a diminuir o tempo de espera, que hoje é de vários meses.”
Marcello Ferretti Fanelli, diretor do departamento de oncologia clínicado A.C.Camargo Cancer Center
“As campanhas de prevenção basicamente estão relacionadas a evitar a exposição a alguns agentes que podem causar câncer. Por exemplo, as campanhas para não tomar sol em horário inadequado, ou usar um bloqueador solar, campanhas de combate ao tabagismo. Temos algumas medidas ainda tímidas, que poderiam ser mais bem trabalhadas. Isso é uma questão de política de saúde que envolve decisões governamentais. A política antitabagista teve um bom impacto no começo, mas não houve uma renovação uma renovação nesse tipo de atitude. Acho também que a alimentação é uma área negligenciada e que poderia ser trabalhada de uma maneira mais eficaz.”
“No diagnóstico precoce a maior dificuldade hoje está no acesso em conseguir os exames, principalmente na saúde pública, além da qualidade dos exames, que em muitos casos é questionável. Existem mamografias que não são bem realizadas ou executadas com técnicas inadequadas. A interpretação dos exames também não é feita por pessoas adequadamente preparadas, o que acaba prejudicando o tratamento. Apesar de todo o desenvolvimento de fármacos novos, terapias moleculares, a cura ainda depende do diagnóstico precoce. Óbvio que temos que utilizar os remédios novos, mas isso não vai aumentar nossa capacidade de cura.”
“A incorporação desses remédios novos estão baseados na comprovação do benefício em sobrevida global, o que na oncologia às vezes é um dado difícil de se obter. O problema dessas terapias é o custo extremamente elevado, e por melhor que seja o remédio, não vai proporcionar a cura se utilizado na doença metastática. Por isso o foco do investimento deve ser em diagnóstico precoce e tratamento de doença inicial.
Não que a doença metastática deva ser negligenciada, mas o que vai trazer impacto e realmente melhorar nossas taxas de cura é o tratamento da doença inicial.”
Ademar Lopes, cirurgião oncológico e vice-presidente do A.C.Camargo Cancer Center
“Estamos avançando, mas ainda temos muito a fazer, principalmente no diagnóstico precoce. Isso não cabe ao especialista, e sim ao médico generalista. Precisamos de mais médicos treinados para fazer diagnóstico precoce, e uma rede de hospitais preparada para atender toda a população. O câncer é uma doença comum, e com diagnóstico precoce posso curar 90% dos casos, sem mutilação e a um baixo custo. Por isso precisamos de médicos que pensem oncologicamente, independente da sua especialidade, principalmente o profissional que está na unidade básica de saúde. Por isso a importância de incluir oncologia básica na grade curricular das escolas medicas. Hoje, não mais que dez escolas médicas possuem a disciplina em sua grade curricular como matéria obrigatória.”
“Precisamos ter um sistema de saúde público de base mais bem estruturado. Além de alocar mais recursos para a saúde, não apenas para a saúde básica, é preciso uma boa gestão do sistema, porque as vezes não adianta alocar recursos se a gestão não é boa. A informação da população também é importante. Uma população bem informada sobre a doença perde o medo e passa a fazer um check up oncológico periódico.”
Fernando Maluf, oncologista, diretor do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes
“Em câncer de próstata, nós temos poucos avanços na prevenção. Ainda nos baseamos no PSA e no toque retal, mas novos marcadores urinários e sanguíneos estão sendo desenvolvidos para melhorar a acurácia desses dois exames. Em termos de tratamento o câncer de próstata é o tumor que teve mais drogas novas aprovadas nos últimos quatro anos, entre imunoterapias, radiofármacos, quimioterapias e hormonioterapias. Houve também uma melhora substancial da radioterapia e da biologia da doença para selecionar os tratamentos, bem como nos testes genéticos para ajudar a decidir quem são os pacientes que podem ser seguidos e aqueles tratados imediatamente. No Brasil, o acesso ao tratamento ainda é bastante irregular, e permanece o desafio do diagnóstico precoce. Por isso campanhas como o Novembro Zaul são tão importantes para conscientizar o homem sobre essa importância, uma vez que o câncer de próstata é um tumor que se bem conduzido e bem diagnosticado em uma fase precoce é curável em 95% dos casos.”
Artur Katz, coordenador de oncologia clínica do centro de oncologia do Hospital Sírio-Libanês
“O Brasil é um país muito grande e muito heterogêneo. Há centros urbanos onde o diagnóstico precoce é uma realidade, e outras áreas onde o acesso ainda é mais complexo. Em comparação aos EUA e Europa nós temos uma proporção maior de casos avançados, mesmo em grandes centros, mas em pacientes com melhor acesso à saúde, essa proporção está cada vez mais próxima”.
“Com o diagnóstico a mulher tem que ser inserida em um sistema onde ela possa fazer seu tratamento, seja cirúrgico, quimioterápico ou radioterápico, mas o acesso ao sistema de também é variável. Em quimioterapia não há muitas drogas novas sendo incorporadas, com exceção da doença HER2+. O problema é que são drogas caras e nem sempre estão disponíveis no SUS, se restringindo muitas vezes para pacientes particulares e com planos de saúde.”
“Existem cada vez mais estudos mostrando que o sedentarismo, a obesidade e problemas nutricionais são claramente ligados também ao aumento do risco de câncer de mama. Isso precisa ser mais explorado. Muito se fala em alta tecnologia, em aparelhos caríssimos para diagnóstico precoce, mas na verdade é preciso agir na outra ponta e diminuir o número de pessoas que podem vir a desenvolver tumor. Não devemos deixar de lado o diagnóstico precoce, mas é preciso promover mudanças no estilo de vida e tentar diminuir novos casos.”
“No câncer de pulmão não existe claramente estabelecidas medidas adequadas de diagnóstico precoce. A redução do número de fumantes não traz reflexos imediatos, mas seguramente a cessação do tabagismo é a medida mais abrangente e que produziria mais resultados, e que pode ser implementada de maneira simples.”
Rodrigo Lima, CEO da Oncologia D’Or
“Existe um abismo muito grande entre saúde suplementar e SUS. No SUS nós temos nichos de excelência com resultados importantes, mas em um país de dimensão continental ainda é preciso melhorar muito. Em termos de inserção de novas tecnologias não dá para comparar. Por exemplo, em alguns tumores é importante fazer o diagnóstico ou o estadiamento com PET CT, e no sistema público a maioria da população não vai ter acesso a esse exame. Em radioterapia a diferença é gritante. O maior déficit hoje dentro do SUS é o número de aparelhos.”
“Acho que o grande problema da saúde suplementar é a fragmentação do mercado. Temos poucos centros integrados, o que dificulta muito a velocidade e o acompanhamento desses pacientes. Temos que procurar eliminar o desperdício, o excesso de exames que esses pacientes às vezes são submetidos sem necessidade, e tentar fazer com que tenham um tratamento mais integrado, mais humanizado.”
“É preciso investir também em informação para a população, trabalhar a prevenção, os fatores de risco, fazer com que a população conheça esses fatores e mude seus hábitos desde a primeira infância. Essa seria a principal arma no combate ao câncer. “
Carlos Gil, oncologista clínico do Grupo COI – Clínicas Oncológicas Integradas
“Existe hoje na oncologia o surgimento de muitas estratégias, tanto de diagnóstico como de tratamento. Em sua maioria, essas estratégias são acessíveis aos pacientes com plano de saúde suplementar, e não aos pacientes do Sistema Único de Saúde, o que acaba criando classes muito distintas. Por outro lado, o custo dessas tecnologias é muito alto, e seria ingênuo pensar que o sistema público possa facilmente incorporá-las. É preciso um modelo intermediário, onde tanto a indústria farmacêutica que desenvolve a tecnologia, como o governo que é o comprador desse serviço, devem ceder.”
“O diagnóstico precoce com certeza barateia o custo da oncologia, além de melhorar muito a sobrevida e as taxas de cura. São medidas não tão caras que teriam grande impacto. A questão do câncer de colo uterino, a ampliação do acesso ao papanicolao, e a incorporação da vacina do HPV deve ter um impacto grande na redução da incidência desse tipo de câncer. O programa de prevenção ao tabagismo do Ministério da Saúde é um sucesso, os resultados estão vindo e esse impacto é inegável. Esses são exemplos bem práticos de medidas de prevenção que o governo já está tomando e que devem provocar diminuição na incidência nos próximos anos. “
Carlos Barrios, diretor do Instituto do Câncer Mãe de Deus e diretor executivo do Grupo Latino Americano de Pesquisa em Oncologia (LACOG)
“Para os tumores mais comuns existe rastreamento, mas em programas limitados e que deixam de atingir a maior parte da população que necessita. Isto vale para câncer de mama com mamografia e câncer de colon com colonoscopia. Não existe um programa nacional para rastreamento de câncer de pulmão (o tumor que mais mata no Brasil) embora existam evidências claras que o rastreamento com TC de baixa dose em fumantes possa diminuir a mortalidade em até 20%.”
“Muitas pessoas morrem quando poderiam viver, muitas pessoas morrem antes do que deveriam por não ter um diagnóstico suficientemente rápido ou completo do seu câncer, por não ter acesso a medicamentos de alto custo que são mal negociados, mal adquiridos ou que não são aprovados no Brasil apesar de evidências claras de benefício internacionalmente reconhecidas”.
“A situação atual não é culpa somente do gestor ou do administrador público, embora eles sejam responsáveis pela falta da orientação básica na procura de um diagnóstico preciso e de soluções práticas e urgentes. A sociedade civil não está organizada, é passiva e não assume seu papel de exigir seus direitos. A classe médica, na sua grande maioria, também não tem sido eficaz e não tem cumprido com seu papel social, se estabelecendo numa posição confortável à margem do problema. Os gestores das instituições de saúde e os administradores da saúde suplementar parecem carecer de uma visão mais global e sistêmica da situação e, em geral, não tem contribuído com sugestões produtivas. Finalmente, a indústria farmacêutica responsável pela quase totalidade da pesquisa e desenvolvimento das novas tecnologias em medicamentos na área do câncer mantém-se numa posição de expectadora, sem demonstrar a habilidade que certamente tem de gerar alternativas para a situação”.