Onconews - Avanços na radioterapia em metástases ósseas no contexto de novas terapias-alvo e alternativas ablativas

andre gouveia 2 bxAndré Gouveia (foto), médico especialista em radio-oncologia do Américas Centro Oncológico Integrado, Rio de Janeiro, é primeiro autor de artigo de revisão publicado na Radiotherapy & Oncology, periódico da Sociedade Europeia de Radioterapia, que avalia o papel da radioterapia no tratamento das metástases ósseas. “O trabalho discute a definição de metástase óssea complicada, uso de radioterapia de frações simples e múltiplas para metástase óssea complicada e não complicada, reirradiação, novos paradigmas de tratamento, incluindo tratamentos ablativos locais, doença oligometastática, terapia sistêmica, atividade física e reabilitação”, esclarecem os autores.

Em pacientes com metástases ósseas (BM), a radioterapia (RT) é usada para aliviar os sintomas, reduzir o risco de fratura e melhorar a qualidade de vida (QV). No entanto, com o surgimento de conceitos como oligometástases, cirurgia minimamente invasiva, terapias ablativas, como RT ablativa estereotáxica (SABR), radiocirurgia (SRS), ablação térmica e novas terapias anticâncer sistêmicas, houve uma mudança de paradigma na abordagem multidisciplinar para metástase óssea com o objetivo de preservar a mobilidade e sobrevida funcional.

Apesar das diretrizes sobre o uso de radioterapia de dose única em metástase óssea não complicada, seu uso permanece relativamente baixo. Na metástase óssea não complicada, a RT de fração única produz taxas de resposta global e completa semelhantes à radioterapia com múltiplas frações, embora esteja associada a uma taxa de retratamento mais alta de 20% versus 8%.

“A metástase óssea complicada pode ser caracterizada como a presença de fratura patológica existente ou iminente, um componente principal de partes moles, compressão da medula espinhal ou cauda equina existente e dor neuropática. A taxa de BM complicada é de cerca de 35%. Infelizmente, existem poucos estudos prospectivos sobre radioterapia em metástase óssea complicada e o melhor regime de dose/fracionamento ainda não foi estabelecido”, observam os autores, acrescentando que existem resultados contraditórios em estudos que relatam taxas de controle da dor de metástase óssea e tempo para redução da dor ao comparar SABR com radioterapia convencional. “Embora alguns estudos tenham mostrado que o SABR produz uma redução mais rápida da dor e maiores taxas de controle em comparação com a radioterapia convencional, outros estudos não mostraram diferenças. Além disso, a taxa de controle local para metástase óssea tratada com SABR é superior a 80% na maioria dos estudos, e a taxa de toxicidade de grau 3 ou 4 é muito baixa. O uso de SABR pode ser preferido em três circunstâncias: reirradiação, doença oligometastática e tumores radiorresistentes”, destacam.

“Terapias ablativas locais como SABR podem atrasar a mudança ou uso de terapia sistêmica, preservar a qualidade de vida dos pacientes e melhorar a sobrevida livre de doença, sobrevida livre de progressão e sobrevida global. Além disso, apesar do benefício potencial de SABR na doença oligometastática, há uma necessidade de estabelecer a indicação opcional, fracionamento da dose de RT, fatores prognósticos e momento ideal em combinação com terapias sistêmicas para SABR”, concluem.

O trabalho contou com participação de equipes médicas do Canadá, Inglaterra, Itália e China, com destaque para a colaboração dos radio-oncologistas brasileiros Maurício Silva e Gustavo Marta.

Referência: André G. Gouveia, Dominic C.W. Chan, Peter J. Hoskin, Gustavo N. Marta, Fabio Trippa, Ernesto Maranzano, Edward Chow, Mauricio F. Silva, Advances in radiotherapy in bone metastases in the context of new target therapies and ablative alternatives: A critical review, Radiotherapy and Oncology, Volume 163, 2021, Pages 55-67, ISSN 0167-8140, https://doi.org/10.1016/j.radonc.2021.07.022.