Revisão de Burger et al. publicada na New England Journal of Medicine (NEJM) discute o uso de acalabrutinibe e outras inovações terapêuticas no tratamento de pacientes com leucemia linfocítica crônica (LLC). Acalabrutinibe é um inibidor seletivo de quinase de Bruton (BTK) e recebeu aprovação do FDA como tratamento de primeira linha para pacientes com LLC e na doença recidivada, com base em dois ensaios randomizados (ELEVATE-TN e ASCEND).
O ensaio ELEVATE-TN mostrou sobrevida livre de progressão significativamente superior nos grupos tratados com acalabrutinibe com ou sem obinutuzumabe. O ensaio ASCEND, que comparou acalabrutinibe com o inibidor de PI3K idelalisibe mais rituximabe ou bendamustina mais rituximabe também mostrou sobrevida livre de progressão superior no grupo acalabrutinibe.
Em relação ao perfil de segurança, a revisão de Burger et al. na NEJM lembra que os eventos adversos mais reportados com acalabrutinibe no ensaio ASCEND (acompanhamento médio, 16,1 meses) foram fibrilação atrial (em 5% dos pacientes), sangramento grau 3 ou superior (em 26%), infecções (em 15%) e cânceres secundários (em 14%).
No ensaio ELEVATE-TN (mediana de acompanhamento, 28 meses), Burger et al. apontam que os eventos adversos mais associados ao tratamento com acalabrutinibe incluíram fibrilação atrial (em 3% dos pacientes no grupo de acalabrutinibe como monoterapia e em 4% no grupo da combinação acalabrutinibe-obinutuzumabe), sangramento de grau 3 ou superior (em 2% de pacientes em ambos os grupos), e hipertensão grau 3 ou superior (em 3% dos pacientes no grupo de acalabrutinibe isoladamente e 2% no grupo de acalabrutinibe-obinutuzumabe.
“A pesquisa básica e translacional destacou a importância do receptor de células B, do microambiente da LLC, assim como das proteínas antiapoptóticas e agora podemos olhar para trás e ver que em uma década a pesquisa clínica foi transformadora no tratamento da LLC”, destacam os autores. “Em pouco tempo, os inibidores de BTK e os inibidores de PI3K, como venetoclax, derrubaram o tratamento de LLC à base de quimioterapia para a maioria dos pacientes. Os inibidores de BTK (ou seja, ibrutinibe e acalabrutinibe) são capazes de induzir remissões duráveis na maioria dos pacientes”, acrescentam.
Em conclusão, Burger et al. sustentam que o uso de quimioimunoterapia está diminuindo constantemente, “dado os melhores perfis de efeitos colaterais e melhor sobrevida com os novos agentes. Claramente, os novos agentes já melhoraram o prognóstico e a qualidade de vida para muitos pacientes com LLC, especialmente aqueles com LLC de alto risco. O desafio para esta nova década é capitalizar o sucesso inicial de regimes que reduzem a duração da exposição a drogas e os riscos associados a efeitos tóxicos, incluindo resistência, bem como os custos do tratamento”.
Referência: Burger, J. A. (2020). Treatment of Chronic Lymphocytic Leukemia. New England Journal of Medicine, 383(5), 460–473. doi:10.1056/nejmra1908213