A sobrevida do câncer de mama inflamatório aumentou ao longo de quatro décadas nos Estados Unidos, mas estudo publicado na Breast Cancer Research and Treatment mostra que as disparidades ainda persistem na população norte-americana e a diferença de sobrevida entre brancos e negros não diminuiu em duas décadas.
O câncer de mama inflamatório é uma variante agressiva caracterizada por eritema difuso e extenso, frequentemente com presença de edema e pele com aspecto de casca de laranja ("peau d'orange"). Neste estudo, os pesquisadores avaliaram a incidência e sobrevida de câncer de mama inflamatório nos EUA ao longo de quatro décadas.
A partir de dados do SEER*Stat, uma lista de casos de pacientes com câncer de mama inflamatório diagnosticados entre 1973 e 2015 (n = 29.718) foi extraída, para analisar os casos de acordo com a morfologia, estágio e extensão da doença. Pacientes M1 e M0 foram incluídos na análise, que considerou taxas de incidência ajustadas por idade, taxas de sobrevida e tempo médio de sobrevida.
Resultados
Os autores descrevem que a incidência geral de câncer de mama inflamatório de 1973 a 2015 foi de 2,76 (2,73, 2,79) casos por 100.000 pessoas, com taxa de 2,63 (2,60, 2,67) em pacientes brancos e 4,52 (4,39, 4,65) em pacientes negros. Outras raças somaram incidência de 1,84 (1,76, 1,93) por 100:000.
A taxa de sobrevida relativa em 5 anos foi de 40,5% (39,0%, 42,0%) na população geral, sendo 42,5% (40,7%, 44,3%) em brancos e 29,9% (26,6%, 33,3%) entre negros, respectivamente.
Os pacientes diagnosticados entre 1978-1982 tiveram mediana de sobrevida de 62,3 (52,0, 72,6) meses, enquanto aqueles diagnosticados entre 2008–2012 tiveram sobrevida mediana de 99,4 (96,4, 102,4) meses. Não houve diferença significativa no tempo de sobrevida entre pacientes T4D e aqueles com outro estadiamento T.
“Nosso estudo mostra taxas superiores de incidência do câncer de mama inflamatório calculadas e ajustadas à idade em relação aos dados relatados na literatura recente, embora nossas taxas de incidência por raça sejam consistentes com as tendências relatadas anteriormente”, destacam os autores. “Propomos que isso se deve à nossa definição de codificação de câncer de mama inflamatório, que enfatiza a importância dos sinais clínicos, como eritema difuso, edema e “Peau d'orange” - as características definidoras - na ausência de diagnóstico patológico ou clínico especificamente declarado no registro de câncer”, analisam.
Referência: Abraham, H. G., Xia, Y., Mukherjee, B., & Merajver, S. D. (2020). Incidence and survival of inflammatory breast cancer between 1973 and 2015 in the SEER database. Breast Cancer Research and Treatment. doi:10.1007/s10549-020-05938-2