A atividade física, especialmente após o diagnóstico, está associada à melhora da sobrevida no câncer endometrial. É o que reportam Friedenreich et al. em artigo publicado online 7 de outubro no Journal of Clinical Oncology.“Conduzimos um estudo de coorte prospectivo em Alberta, Canadá, envolvendo 425 mulheres diagnosticadas com câncer de endométrio invasivo confirmado histologicamente entre 2002 e 2006 e observadas até 2019”, descrevem os autores.
Um inquérito validado, o Lifetime Total Physical Activity Questionnaire, foi utilizado para avaliar a prática de atividade física pré-diagnóstico (em uma mediana de 4,4 meses após o diagnóstico) e atividade física pós-diagnóstico (em uma mediana de 3,4 anos após o diagnóstico).
A associação entre atividade física e sobrevida global e livre de doença considerou modelos de riscos proporcionais de Cox ajustados por idade, estágio da doença e tipo de tratamento, índice de massa corporal, status menopausal, uso de terapia hormonal, histórico familiar de câncer e comorbidades, além de análises que mediram a prática de atividade física por intensidade e dose (tarefa metabólica equivalente [MET] horas / semana / ano), do pré ao pós-diagnóstico.
Resultados
Os autores descrevem que após acompanhamento médio de 14,5 anos, 60 mortes foram reportadas, incluindo 18 mortes por câncer de endométrio e 80 eventos de sobrevida livre de doença. A atividade física mais elevada pré-diagnóstico foi significativamente associada à melhora da sobrevida livre de doença (> 14 v ≤ 8 MET-horas / semana / ano; [HR], 0,54; IC de 95%, 0,30 a 0,96; Ptrend = 0,04) , mas não à sobrevida global (HR, 0,56; IC 95%, 0,29 a 1,07; Ptrend = 0,06).
A atividade física mais elevada pós-diagnóstico (> 13 v ≤ 5 MET-horas / semana / ano) foi fortemente associada à melhora da sobrevida livre de doença (HR, 0,33; IC de 95%, 0,17 a 0,64; Ptrend = 0,001) e sobrevida global (HR, 0,33; IC de 95%, 0,15 a 0,75; Ptrend = 0,007). Os participantes que mantiveram níveis elevados de atividade física do pré ao pós-diagnóstico também tiveram melhor sobrevida livre de doença (HR, 0,35; IC de 95%, 0,18 a 0,69) e sobrevida global (HR, 0,43; IC de 95%, 0,20 a 0,94).
A conclusão dos autores indica que a atividade física, especialmente após o diagnóstico, está associada à melhora da sobrevida no câncer de endométrio. ”Os médicos devem recomendar atividade física para pacientes com câncer endometrial recém-diagnosticado e sobreviventes para melhorar o condicionamento físico, a qualidade de vida e possivelmente até a sobrevida”, destacam.
Referência: Friedenreich, C. M., Cook, L. S., Wang, Q., Kokts-Porietis, R. L., McNeil, J., Ryder-Burbidge, C., & Courneya, K. S. (2020). Prospective Cohort Study of Pre- and Postdiagnosis Physical Activity and Endometrial Cancer Survival. Journal of Clinical Oncology, JCO.20.01336. doi:10.1200/jco.20.01336