“O aumento da percepção dos mecanismos de patologia pulmonar induzida por poeira fina fornece um argumento muito forte para parar de excluir fibras de amianto de tamanho menor de um papel causal no câncer de pulmão”. A análise é de Zandwijk et al., em artigo no Lung Cancer Journal, indicando que parcela importante do crescente número de diagnósticos de câncer de pulmão em nunca fumantes pode ser explicada por exposições ao amianto, bem como por combinações de diferentes formas de poluição do ar (PM2,5, amianto e sílica).
Descrito pela OMS como um grupo de fibras cancerígenas de classe I (OMS), o amianto é a principal causa do mesotelioma e pode aumentar o risco de desenvolver outros tumores sólidos. Nesta análise, Zandwijk e colegas lembram que a incidência de câncer de pulmão relacionado ao amianto (ARLC, na sigla em inglês) é estimada em seis vezes maior do que a incidência de mesotelioma.
Estudos mais recentes sobre a epidemiologia e a patologia molecular do câncer de pulmão demonstram que pequenas partículas desempenham papel dominante. “Além disso, a epidemia mundial de LCINS, que só recentemente atraiu atenção suficiente, também colocou a poluição do ar em uma posição causal proeminente”, observam.
Entre os highlights da publicação, os autores sublinham que o epitélio pulmonar atua como uma peneira para carcinógenos inalados, uma vez que o pulmão é a maior interface entre o corpo e o ambiente. “É necessário um esforço de pesquisa para estimar a proporção de pequenas fibras de amianto que potencialmente contribuem para a poluição do ar por "poeira fina" (PM2.5)”, defendem, acrescentando a necessidade de dados ocupacionais e residenciais de alta qualidade para ampliar a compreensão sobre a correlação entre câncer de pulmão e exposição ao amianto. “Considerando a proporção crescente da epidemia de LCINS e a escassez de dados sobre exposições ocupacionais e ambientais, é justo afirmar que a ARLC pode muito bem ser uma questão oncológica subestimada”, analisam.
