AUS Food and Drug Administration (FDA) aprovou o inibidor de PD-1 cemiplimabe (Libtayo®, Sanofi) no tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado cujos tumores têm alta expressão de PD-L1 (≥50%), conforme determinado por um teste aprovado pela FDA. Os pacientes elegíveis devem ter tumores metastáticos ou localmente avançados que não sejam candidatos à ressecção cirúrgica ou quimiorradiação definitiva, e que não apresentem alterações nos genes EGFR, ALK ou ROS1. A aprovação é baseada no estudo pivotal de Fase III EMPOWER-Lung 1.
O estudo de Fase III EMPOWER-Lung 1, aberto, randomizado, multicêntrico, avaliou cemiplimabe em monoterapia no tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado em comparação com quimioterapia doublet de platina. Os participantes apresentavam alta expressão de PD-L1 (≥50% das células tumorais), sem alterações nos genes EGFR, ALK ou ROS1. A expressão de PD-L1 foi confirmada através do kit Agilent Dako PD-L1 IHC 22C3 pharmDx. Os endpoints primários foram sobrevida global e sobrevida livre de progressão, e os desfechos secundários incluíram taxa de resposta global, duração da resposta e qualidade de vida.
O estudo randomizou 710 pacientes com CPCNP metastático sem tratamento prévio (Estádio IV) ou CPCNP localmente avançado (Estágio IIIB / C) que não eram candidatos à ressecção cirúrgica ou quimiorradiação definitiva ou que progrediram após o tratamento com quimiorradiação definitiva. Os participantes inscritos incluíam pacientes com características de doença frequentemente sub-representadas em estudos pivotais de CPCNP avançado. Entre eles, 12% tinham metástases cerebrais pré-tratadas e clinicamente estáveis e 16% tinham CPCNP localmente avançado que não era candidato à quimiorradiação definitiva.
Vale ressaltar que os pacientes cuja doença progrediu puderam alterar seu tratamento: aqueles designados para quimioterapia foram autorizados a migrar para o tratamento com cemiplimabe após a progressão da doença, enquanto aqueles designados para monoterapia com o inibidor de PD-1 foram autorizados a combinar o tratamento de cemiplimabe com 4 a 6 ciclos de quimioterapia após a progressão da doença. Houve uma taxa de crossover > 70% para cemiplimabe após a progressão da doença na quimioterapia.
Endpoints | Libtayo | Chemotherapy |
Overall Survival (OS) | ||
Median (95% Confidence Interval [CI])a | 22 months | 14 months |
Hazard ratio (95% CI)b | 0.68 (0.53-0.87) | |
p-value | 0.0022 | |
Progression-free Survival (PFS) per Blinded Independent Central Review (BICR) | ||
Median (95% CI)a | 6.2 months | 5.6 months |
Hazard ratio (95% CI)b | 0.59 (0.49-0.72) | |
p-value | <0.0001 |
a Based on Kaplan-Meier method
b Based on stratified proportional hazards model
Também publicada no Lancet, uma análise pré-especificada adicional foi realizada em 563 pacientes com expressão comprovada de PD-L1 ≥50%, de acordo com o ensaio aprovado pela FDA, e demonstrou que cemiplimabe reduziu o risco de morte em 43% em comparação com a quimioterapia.
Endpoints | Libtayo | Chemotherapy |
OS | ||
Median (95% CI)a | not reached | 14 months |
Hazard ratio (95% CI)b | 0.57 (0.42-0.77) | |
p-value | 0.0002 | |
PFS | ||
Median (95% CI)a | 8 months | 6 months |
Hazard ratio (95% CI)b | 0.54 (0.43-0.68) | |
p-value | <0.0001 |
NOTE: The analysis was conducted in a subset of the randomized population that excluded 147 patients whose tumors could not be retested or were later found to have <50% PD-L1 expression.
a Based on Kaplan-Meier method
b Based on stratified proportional hazards model
A segurança foi avaliada em 355 pacientes no grupo de cemiplimabe (duração mediana de exposição: 27 semanas; intervalo: 9 dias a 115 semanas) e 342 pacientes no grupo de quimioterapia (duração mediana de exposição: 18 semanas; intervalo: 18 dias a 87 semanas).
As reações adversas mais comuns no grupo de cemiplimabe (pelo menos 10% dos pacientes) foram rash cutâneo (15% cemiplimabe, 6% quimioterapia) e tosse (11% cemiplimabe, 8% quimioterapia). As reações adversas graves mais frequentes (pelo menos 2% dos pacientes) foram pneumonia (5% cemiplimabe, 6% quimioterapia) e pneumonite (2% cemiplimabe, 0% quimioterapia). O tratamento foi descontinuado definitivamente devido a reações adversas em 6% dos pacientes em tratamento com cemiplimabe; as reações adversas que resultaram em descontinuação permanente em pelo menos 2 doentes foram pneumonite, pneumonia, acidente vascular cerebral isquêmico e aumento da aspartato aminotransferase. Não foi observado nenhum novo sinal de segurança com cemiplimabe.
"Em seu ensaio pivotal, cemiplimabe demonstrou eficácia impressionante no CPCNP avançado com pelo menos 50% de expressão PD-L1 ", disse Ahmet Sezer, professor do Departamento de Oncologia da Başkent University, em Adana, Turquia e investigador do ensaio. “Conforme publicado no The Lancet, uma análise pré-especificada no subconjunto de pacientes com expressão de PD-L1 de pelo menos 50% comprovada, cemiplimabe reduziu o risco de morte em 43% em comparação com a quimioterapia. Isso foi alcançado com uma taxa de crossover superior a 70% para cemiplimabe após a progressão da doença com o tratamento quimioterápico, bem como a maior população de pacientes com metástases cerebrais pré-tratadas e clinicamente estáveis entre os principais estudo de CPCNP avançado até o momento”, acrescentou.
Esta é a terceira aprovação para Libtayo e segue uma revisão prioritária pelo FDA. No início deste mês, Libtayo foi aprovado como a primeira imunoterapia indicada para pacientes com carcinoma basocelular avançado previamente tratados com um inibidor da via de hedgehog (HHI) ou para os quais um HHI não é apropriado, com aprovação total concedida para a doença localmente avançada e aprovação acelerada concedida para doença metastática. Em 2018, Libtayo foi o primeiro tratamento sistêmico aprovado para adultos com carcinoma espinocelular cutâneo localmente avançado ou metastático que não são candidatos à cirurgia curativa ou radiação curativa.
Em todas as suas indicações aprovadas, a dose recomendada de cemiplimabe é de 350 mg IV durante 30 minutos a cada três semanas, até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável.