Inaugurado quarta-feira, 24 de julho, o Centro de Diagnóstico e Ensino do Seridó (CDES), em Currais Novos, assume papel estratégico na Liga Norte Rio-Grandense Contra o Câncer. Localizada no bairro Paizinho Maria, na BR-226, a nova unidade aproxima distâncias, disposta a mudar uma realidade ainda presente em um país de dimensões continentais, onde a crescente carga do câncer desafia os sistemas de saúde. “O paciente percorre grandes distâncias em busca de cuidados”, diz Edilmar de Moura Santos (foto), Diretor do Instituto de Ensino, Pesquisa e Inovação da Liga. “Currais Novos abrange o Seridó e o agreste potiguar, com uma população superior a 600 mil pessoas, que agora passa a contar com uma unidade que tem foco no diagnóstico precoce e na educação em saúde”.
O trabalho do CDES nasce com a promessa de ir muito além dos muros da instalação. “Mesmo com a mais moderna tecnologia diagnóstica, se não houver o autocuidado, se o paciente não entender que determinadas rotinas de diagnóstico precoce, prevenção e rastreamento não podem ser adiadas, não vamos conseguir mudar a realidade do nosso Estado, nem a do Brasil. Aproximadamente 50% dos pacientes brasileiros têm doença localmente avançada ao diagnóstico, estadio III ou IV”, observa Edilmar, confiante em um modelo pautado na educação. “Nosso projeto será desenvolvido nas escolas públicas e privadas, com professores e alunos, e com profissionais da atenção primária, para que se tornem agentes multiplicadores”, explica.
Na prática, é um esforço que prevê objetivos de médio e longo prazo junto à rede escolar,
e passa pela conscientização da atenção primária à saúde para reconhecer sinais e sintomas do câncer. “São sinais que passam dia após dia sob o olhar das áreas médicas e das equipes de enfermagem e não levantam hipóteses diagnósticas de câncer. Então, através dessas duas frentes que já estão desenhadas, vamos dentro de 5, 10, 20 anos, conseguir números que provem o resultado que pretendemos alcançar”, sinaliza.
Até o final deste ano, a Liga contra o câncer realiza o Censo Epidemiológico da região de Currais Novos para mapear a realidade atual, intervir e medir os resultados ao longo do tempo. O CDES vai atuar na detecção precoce de alguns dos tumores que mais afetam a população local. “Com certeza o câncer de pele está entre os nossos objetivos. É o mais comum no Brasil e em nossa região, que é de clima árido e riquíssima em colonização europeia. Depois disso, temos as prevalências do câncer de próstata, mama, colo do útero, um câncer que diminui o nosso IDH e retrata o pouco desenvolvimento social”, prossegue Edilmar. “E temos ainda o câncer colorretal, que é muito negligenciado tanto na saúde pública quanto privada, e hoje representa o segundo tipo de câncer mais comum, o segundo em taxa de mortalidade”.
As vantagens de implementar educação em saúde e investir na detecção precoce para reduzir a carga do câncer têm um valor intangível. “Com essa intervenção, podemos mudar a vida das pessoas e os custos da Saúde, porque um dos indicadores desse projeto é justamente a redução de custos. Um paciente com doença metastática do câncer de intestino tem um custo relativo que equivale a todo programa de rastreamento do câncer colorretal para uma população de 100 mil habitantes”, compara.