Um novo método, que recebeu a designação de cerumenograma, mostrou que amostras de cera (cerúmen) coletadas de pacientes de câncer podem ser uma nova matriz biológica para o diagnóstico de malignidades, de modo não invasivo, rápido e altamente preciso. Os resultados são de estudo liderado pelo professor Nelson Roberto Antoniosi Filho (foto), da Universidade Federal de Goiás, e estão em artigo na Scientific Reports Nature.
Foto: Natália Cruz
Pesquisadores da área bioanalítica têm concentrado a atenção no desenvolvimento de novas técnicas não invasivas para o diagnóstico de câncer, o que levou ao estudo dos chamados metabólitos orgânicos voláteis (VOMs) como biomarcadores para uma ampla gama de doenças. Neste estudo, o cerumenograma foi capaz de identificar 158 VOMs, “um excelente número de compostos em comparação aos 130 encontrados na urina e 120 na saliva de humanos”, descrevem os autores. Dos 158 VOMs identificados, 27 foram selecionados como potenciais biomarcadores para câncer e forneceram 100% de discriminação entre os grupos de câncer e controle. “Portanto, esse novo teste pode ser rotineiramente empregado para diagnósticos de câncer”, conclui o estudo brasileiro.
Os pesquisadores comparam o cerúmen a uma impressão digital de substâncias excretadas por reações bioquímicas, lembrando que as células cancerígenas produzem substâncias diferentes das células saudáveis. Essas diferenças na composição química podem ser monitoradas para determinar o câncer precocemente, uma vez que o cerúmen é continuamente excretado, explicam. “Esse novo desenvolvimento obteve 100% de eficiência na discriminação de todas as amostras utilizadas, separando o câncer das amostras do grupo controle. O cerumenograma é realizado em um tempo total de aproximadamente 3 horas, com um custo estimado de análise de US $ 50 por amostra”, observam os autores, ilustrando um método não invasivo e indolor, com a vantagem adicional de ser rápido, barato e de alta precisão.
“A tendência é que, a partir dos dados encorajadores obtidos aqui, o chamado cerumenograma venha a ser um teste diagnóstico tão comum quanto o hemograma hoje, possibilitando salvar vidas”, concluem os autores.
O estudo está disponível, em acesso aberto: https://www.nature.com/articles/s41598-019-48121-4.
Referência: Scientific Reports volume 9, Article number: 11722 (2019)