Estudo publicado no Journal of the National Cancer Institute estabeleceu uma correlação entre a exposição à radiação de Chernobyl e mutações que levaram ao câncer de tireoide.
Foram analisadas por RNA-Seq 65 amostras de carcinoma papilífero de tireoide de pacientes da coorte ucraniana-americana que receberam iodo-131 (I-131) em consequência do acidente de Chernobyl.
As mutações-drivers foram identificadas em 96,9% da população avaliada, incluindo mutações pontuais em 26,2% e fusão de genes em 70,8% dos casos. Também foram encontradas novas fusões, como POR-BRAF e STRN-ALK.
A dose média de I-131 nos casos com mutações pontuais foi de 0,2 Gy (intervalo = 0,013-1,05 Gy). Nas fusões, a dose média de I-131 foi inferior a 1,4 Gy (intervalo = 0,009-6,15 Gy; P <0,001). Nenhuma mutação driver foi encontrada em tumores de indivíduos que receberam mais de 1,1 Gy de radiação.
Os dados mostram que nos tumores com mutações pontuais, a proporção de fusão de genes aumentou com a dose de radiação, atingindo 87,8% entre indivíduos expostos a 0,3 Gy ou superior.
Para os autores, o estudo fornece suporte para estabelecer uma ligação entre a dose de I-131 na tireoide e a presença de fusões de genes carcinogênicos, o mecanismo predominante de câncer de tireoide associado à exposição à radiação do acidente de Chernobyl.
Referências: Alexey A Efanov, Alina V Brenner, Tetiana I Bogdanova, Lindsey M Kelly, Pengyuan Liu, Mark P Little, Abigail I Wald, Maureen Hatch, Liudmyla Y Zurnadzy, Marina N Nikiforova, Vladimir Drozdovitch, Kiyohiko Mabuchi, Mykola D Tronko, Stephen J Chanock, Yuri E Nikiforov; Investigation of the Relationship Between Radiation Dose and Gene Mutations and Fusions in Post-Chernobyl Thyroid Cancer, JNCI: Journal of the National Cancer Institute, , djx209, https://doi.org/10.1093/jnci/djx209