Onconews - CLARINET extension: lanreotida autogel em tumores neuroendócrinos enteropancreáticos avançados

Duilio Rocha 2020 ok 2No estudo de Fase III CLARINET (NCT00353496), lanreotida autogel melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão em comparação com placebo em pacientes com tumores neuroendócrinos intestinais ou pancreáticos não funcionantes (TNEs). Agora, publicação no periódico Endocrine traz os resultados finais do CLARINET extension open label (OLE), que avaliou a segurança e eficácia a longo prazo de lanreotida nesses pacientes. O oncologista Duilio Rocha Filho (foto), chefe do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC-CE), analisa os resultados.

Foram elegíveis pacientes do estudo CLARINET (NCT00353496) que apresentassem doença estável (independentemente do grupo de tratamento) ou doença progressiva (apenas pacientes tratados com placebo). Todos os pacientes no OLE receberam 120 mg de lanreotida a cada 28 dias. A tomografia computadorizada ou ressonância magnética foram realizadas a cada 6 meses e avaliadas localmente para progressão da doença.

Resultados

No geral, 89 pacientes participaram do OLE (lanreotida, n = 42; placebo, n = 47). A exposição média (intervalo) à lanreotida em pacientes que haviam recebido o medicamento no estudo principal e no CLARINET extension (grupo LAN – LAN) foi de 59 meses (26,0–102,3). Nesse grupo, as incidências gerais de eventos adversos, relacionados ou não ao tratamento, foram menores na análise de longo prazo em comparação com o estudo principal.

A mediana (95% CI) de sobrevida livre de progressão no grupo LAN – LAN foi de 38,5 meses (30,9; 59,4) meses. Em pacientes tratados com placebo com progressão da doença no final do estudo principal, o tempo até a morte ou progressão de doença subsequente durante o OLE foi de 19 meses (10,1; 26,7).

“O estudo fornece novas evidências sobre o perfil de segurança a longo prazo e os efeitos antitumorais sustentados de lanreotida autogel em TNEs intestinais ou pancreáticos metastáticos indolentes e progressivos”, concluíram os autores.

Segundo Duílio, o estudo de expansão CLARINET-OLE traz algumas informações adicionais em relação ao estudo CLARINET, publicado em 2014. “A sobrevida livre de progressão mediana, que não havia sido atingida à época da publicação original, foi de 38,5 meses no estudo de expansão – a maior SLP mediana encontrada a partir de um estudo de fase III em TNE”, destaca.

O especialista acrescenta que o controle prolongado foi observado a despeito do sítio de origem ou do grau da neoplasia. “Os pacientes do grupo placebo que receberam lanreotida após progressão de doença – um cenário que mimetiza a estratégia de vigilância exclusiva inicial - tiveram SLP mediana de 19,0 meses após o análogo, o que reforça o papel antipro liferativo da lanreotida em pacientes com neoplasia em progressão. O estudo CLARINET-OLE também mostra que a lanreotida é segura quando usada em longo prazo”, ressalta.

Rocha Filho observa que a grande maioria dos pacientes incluídos no estudo CLARINET tinham doença estável no momento da randomização, o que torna difícil a comparação dos dados com outros estudos em TNE. “Além disso, a ausência de um grupo controle, a redução do número de pacientes analisados e o intervalo mais longo entre os exames de reestadiamento no estudo CLARINET-OLE, quando comparado com a publicação original, são críticas ao estudo de expansão. Apesar destes aspectos, o estudo CLARINET-OLE robustece o uso em longo prazo do análogo da somatostatina em pacientes com TNE avançado”, analisa.

Referência: Caplin, M.E., Pavel, M., Phan, A.T. et al. Lanreotide autogel/depot in advanced enteropancreatic neuroendocrine tumours: final results of the CLARINET open-label extension study. Endocrine (2020). https://doi.org/10.1007/s12020-020-02475-2