Onconews - COAST: novas combinações de imunoterapia mostram resultados no câncer de pulmão

harada mskcc 2021 okDurvalumabe mostrou benefício significativo de sobrevida global para pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) estágio III irressecável e sem progressão após quimiorradioterapia concomitante (cCRT). Agora, estudo randomizado de Fase 2 (COAST) apresenta resultados da análise interina com durvalumabe isoladamente ou em novas combinações com o anticorpo monoclonal anti-CD73 oleclumab ou com o anticorpo monoclonal anti-NKG2A monalizumab como terapia de consolidação neste cenário. O oncologista Guilherme Harada (foto), advanced clinical fellow no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, comenta os resultados.

“Até onde sabemos, o COAST é o primeiro estudo randomizado de Fase 2 a mostrar melhores resultados clínicos com novas combinações de imunoterapia nesse cenário, apoiando sua avaliação adicional em um estudo de fase III já planejado (PACIFIC-9)”, sinalizam os autores.

Neste estudo foram incluídos pacientes com CPCNP estágio III irressecável, sem progressão após cCRT e com bom status de desempenho (ECOG 0-1), randomizados 1:1:1, ≤ 42 dias pós-cCRT, para receber durvalumabe isoladamente ou combinado com oleclumab ou monalizumab por até 12 meses, estratificado por histologia. O endpoint primário foi a taxa de resposta objetiva confirmada avaliada pelo investigador (ORR; RECIST v1.1).

Nesta análise interina (corte de dados em 17 de maio de 2021) foram considerados 189 pacientes. Em um seguimento mediano de 11,5 meses, a ORR confirmada foi maior com as combinações de durvalumabe mais oleclumab (30,0%; IC 95%, 18,8 a 43,2) e durvalumabe mais monalizumab (35,5%; IC 95%, 23,7 a 48,7) versus durvalumab isoladamente (17,9%; IC 95%, 9,6 a 29,2).

A sobrevida livre de progressão (SLP) também foi maior com as combinações versus durvalumabe (mais oleclumab: razão de risco, 0,44; IC 95%, 0,26 a 0,75; e mais monalizumab: razão de risco, 0,42; IC 95%, 0,24 a 0,72), com SLP mais prolongada em 12 meses com ambas as combinações (mais oleclumab: 62,6% [IC 95%, 48,1 a 74,2] e mais monalizumab: 72,7% [IC 95%, 58,8 a 82,6] versus durvalumabe isoladamente: 33,9% [IC 95%, 21,2 a 47,1]]).

Eventos adversos graves (grau ≥ 3) emergentes do tratamento ocorreram em 40,7%, 27,9% e 39,4% com durvalumabe mais oleclumab, durvalumabe mais monalizumab e durvalumabe, respectivamente.

Em conclusão, os autores demonstram que a taxa de resposta objetiva foi numericamente maior com durvalumabe mais oleclumab (30,0%) e durvalumabe mais monalizumab (35,5%) versus durvalumabe isoladamente (17,9%) e a sobrevida livre de progressão também foi prolongada com as combinações (razão de risco, 0,44 e 0,42, respectivamente) versus durvalumabe isoladamente. O perfil de segurança foi semelhante entre os braços, sem novos sinais de segurança. 

“Diferentes combinações de imunoterapia estão sendo avaliadas em CPCNP em diferentes cenários. Este é mais um importante estudo que demonstra atividade antitumoral de promissoras combinações com anticorpos anti-CD73 e anti-NKG2A no cenário localmente avançado pós cCRT”, observa Harada. “O braço de durvalumabe isoladamente teve resultados um pouco inferiores ao estudo fase III PACIFIC, mas existem diferentes características das populações entre os estudos”, acrescenta.

Além do estudo fase III PACIFIC-9, o especialista destaca o estudo NEOCOAST, apresentado na AACR este ano que avaliou a combinação de durvalumabe isoladamente ou em combinação com oleclumab, monalizumab ou danvatirsen, como terapia neoadjuvante em pacientes com CPCNP estádios iniciais ressecáveis. “Os braços com terapias de combinação foram numericamente superiores em relação a respostas patológicas maiores, quando comparados a durvalumabe em monoterapia, corroborando ainda mais a eficácia e segurança dessas combinações”, conclui.

Esses dados suportam avaliação adicional de novas combinações de imunoterapia em um futuro estudo de fase III (PACIFIC-9; ClinicalTrials.gov: NCT05221840).

Referência: Herbst RS, Majem M, Barlesi F, Carcereny E, Chu Q, Monnet I, Sanchez-Hernandez A, Dakhil S, Camidge DR, Winzer L, Soo-Hoo Y, Cooper ZA, Kumar R, Bothos J, Aggarwal C, Martinez-Marti A. COAST: An Open-Label, Phase II, Multidrug Platform Study of Durvalumab Alone or in Combination With Oleclumab or Monalizumab in Patients With Unresectable, Stage III Non-Small-Cell Lung Cancer. J Clin Oncol. 2022 Apr 22: JCO2200227. doi: 10.1200/JCO.22.00227. Epub ahead of print. PMID: 35452273.