Poucas opções de tratamento padrão estão disponíveis para pacientes com sarcomas metastáticos. Estudo de Somaiah et al. reportado no Lancet Oncology mostra que a combinação de durvalumabe e tremelimumabe é um regime de tratamento ativo para sarcoma avançado ou metastático e merece avaliação em subgrupos específicos em estudos futuros. O oncologista Rodrigo Munhoz (foto) comenta os resultados.
Neste estudo de Fase II, pesquisadores do MD Anderson Cancer Center da Universidade do Texas avaliaram a eficácia, segurança e alterações no microambiente tumoral para o anti PD-L1 durvalumabe e para o anti CTLA-4 tremelimumab em vários subtipos de sarcoma.
Foram incluídos pacientes com 18 anos ou mais com sarcoma avançado ou metastático e bom status de desempenho (ECOG 0-1) expostos a pelo menos uma linha de terapia sistêmica anterior, agrupados de acordo com o subtipo da doença (lipossarcoma, leiomiossarcoma, angiossarcoma, sarcoma pleomórfico indiferenciado, sarcoma sinovial, osteossarcoma, sarcoma alveolar de partes moles, cordoma e outros sarcomas). Os pacientes receberam 1.500 mg de durvalumabe intravenoso e 75 mg de tremelimumabe intravenoso por quatro ciclos, seguidos de durvalumabe sozinho a cada 4 semanas por até 12 meses. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão em 12 semanas na população com intenção de tratar (todos os pacientes que receberam pelo menos uma dose de tratamento). A segurança também foi analisada na população com intenção de tratar.
Entre 17 de agosto de 2016 e 9 de abril de 2018, 62 pacientes foram inscritos, dos quais 57 (92%) receberam tratamento e foram incluídos na população com intenção de tratar. Com um acompanhamento médio de 37,2 meses (IQR 1,8–10,1), a sobrevida livre de progressão em 12 semanas foi de 49% (IC 95% 36–61).
Em relação ao perfil de segurança, foram reportados 21 eventos adversos de graus 3-4 relacionados ao tratamento, sendo os mais comuns o aumento da lipase (quatro [7%] de 57 pacientes), colite (três [5%] pacientes) e pneumonite (três [5%] pacientes). Nove (16%) pacientes tiveram evento adverso grave relacionado ao tratamento. Um paciente apresentou pneumonite e colite grau 5.
“A combinação de durvalumabe e tremelimumabe é um regime de tratamento ativo para sarcoma avançado ou metastático e merece avaliação em subgrupos específicos em estudos futuros”, afirmam os autores.
Segundo Rodrigo Munhoz, oncologista do Icesp e do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, ainda que o benefício da imunoterapia nos sarcomas de partes moles não seja comparável ao de outros tumores sólidos, o que fica claro se considerada uma mediana de SLP de apenas 2,8 meses e TR de 12% nesse estudo, é importante salientar que se trata de um grupo extremamente heterogêneo de neoplasias. “Em subtipos específicos, identificam-se claros sinais de eficácia, nesse caso do bloqueio combinado com durvalumabe e tremelimumabe, com destaque para o sarcoma alveolar de partes moles (TR 40%, incluindo duas respostas completas), angiossarcoma e sarcoma pleomórfico de alto grau. Particularmente no sarcoma alveolar de partes moles, observou-se uma significativa densificação do infiltrado linfocitário CD8+ e CD3+ como resultado do tratamento com a imunoterapia combinada”, conclui.
Este estudo está registrado no ClinicalTrials.gov: NCT02815995.
Referências: Durvalumab plus tremelimumab in advanced or metastatic soft tissue and bone sarcomas: a single-centre phase 2 trial - Neeta Somaiah, MD; Anthony P Conley, MD; Edwin Roger Parra, MD; Heather Lin, PhD; Behrang Amini, MD; Luisa Solis Soto, MD et al. - Published: August 04, 2022 DOI: https://doi.org/10.1016/S1470-2045(22)00392-8