A Comissão Europeia aprovou a combinação de encorafenibe e cetuximabe para o tratamento de pacientes com câncer colorretal metastático com mutação BRAFV600E após tratamento sistêmico prévio1. A aprovação é baseada nos resultados do estudo de Fase III BEACON CRC1,2, que teve dados atualizados apresentados no ASCO 2020.
O BEACON CRC é um estudo de Fase III aberto, randomizado, avaliando a eficácia e segurança de encorafenibe ± binimetinibe em combinação com cetuximabe em pacientes com câncer colorretal metastático (CCRm) com mutação BRAFV600E cuja doença tenha progredido após um ou dois regimes anteriores. É o primeiro e único estudo de Fase III desenhado para avaliar uma combinação de terapias-alvo direcionada ao BRAF no CCRm. Ao todo, foram randomizados 665 pacientes, na proporção 1:1:1 para um dos seguintes braços de tratamento: encorafenibe 300 mg oral uma vez ao dia em combinação com cetuximabe (braço encorafenibe/cetuximabe); encorafenibe 300 mg oral uma vez ao dia em combinação com cetuximabe e binimetinibe; irinotecano e cetuximabe ou FOLFIRI com cetuximabe (braço controle).
O estudo recebeu uma emenda para incluir uma análise provisória de desfecho que incluiu a taxa de resposta objetiva. O endpoint primário de sobrevida global foi planejado para comparar encorafenibe + binimetinibe em combinação com cetuximabe versus o braço controle. Os endpoints secundários incluíram a sobrevida global de encorafenibe em combinação com cetuximabe, comparado com o braço controle e com encorafenibe + binimetinibe em combinação com cetuximabe. Os demais endpoints secundários foram sobrevida livre de progressão, duração da resposta, segurança e tolerabilidade.
Os dados mostraram que encorafenibe em combinação com cetuximabe aumentaram significantemente a sobrevida global (SG) nessa população de pacientes (mediana 9,3 meses vs 5,9 meses; hazard ratio: 0,61; 95% CI: 0,48–0,7; p<0,0001), com redução de 40% do risco de óbito em comparação com o braço controle, com regime de cetuximabe contendo irinotecano. Além disso, a nova combinação alcançou um aumento da taxa de resposta objetiva (TRO) (20% vs 2%, p<0,0001, conforme avaliação de uma análise central independente e cega [BICR]), em comparação com o braço controle.
Em relação ao perfil de segurança, a combinação foi bem tolerada, sem toxicidades inesperadas. As reações adversas mais comuns (>25%) foram fadiga, náusea, diarreia, dermatite acneiforme, dor abdominal, artralgia/dor músculo-esquelética, perda de apetite, exantema e vômito.
Estima-se que mutações em BRAF ocorram em cerca de 8–12% dos pacientes com CCRm, sendo a V600E a mutação mais comum.3–11 Pacientes com CCRm e tumores com mutação BRAFV600E geralmente têm mau prognóstico e representam uma necessidade médica não atendida.12 Atualmente não há nenhum outro tratamento-alvo aprovado na Europa especificamente indicado à essa população de pacientes.13,14
O estudo foi conduzido em mais de 200 centros de investigação na América do Norte, América do Sul, Europa, e região Ásia-Pacífico, e recebeu apoio da Ono Pharmaceutical Co. Ltd., Pierre-Fabre, Pfizer e Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha (suporte para locais de investigação fora da América do Norte).
Referências
1 - European Medicines Agency. Encorafenib Summary of Product Characteristics.
2 - Kopetz S, et al. Encorafenib, binimetinib, and cetuximab in BRAF V600E–mutated colorectal cancer. N Engl J Med. 2019;381:1632–43.
3 - Maughan TS, et al. Lancet. 2011;377:2103–14.
4 - Souglakos J, et al. Br J Cancer. 2009;101:465–72.
5 - Richman SD, et al. J Clin Oncol. 2009;27:5931–7.
6 - Tran B, et al. Cancer. 2011;117:4623–32.
7 - Yokota T, et al. Br J Cancer. 2011;104:856–62.
8 - Tie J, et al. Int J Cancer. 2011;128:2075–84.
9 - Loupakis F, et al. Br J Cancer. 2009;101:715–21.
10 - Tviet KM, et al. J Clin Oncol. 2012;30:1755–62.
11 - Vecchione L, et al. Cell. 2016;165:317–30.
12 - Taieb J, et al. J Natl Cancer Inst. 2017;109:djw272.
13 - Ducreux M, et al. Ther Adv Med Oncol. 2019;11:1758835919856494.
14 - Prahallad A, et al. Nature. 2012;483:100–3.