As neoplasias mudam ao longo do tempo através de um processo de evolução celular impulsionado por alterações genéticas e epigenéticas. A ecologia do microambiente de uma célula neoplásica determina quais mudanças proporcionam benefícios adaptativos. Estudo publicado na Nature Review1 mostra a importância desses processos evolutivos e ecológicos na compreensão do câncer e propõe classificar os tumores com base em dois novos índices, o índice Evo (evolutivo) e o índice Eco (ecológico), que consideram a diversidade das células neoplásicas e a heterogeneidade do ambiente intratumoral.
A proposta deste sistema de classificação é resultado de um consenso de especialistas e abre caminho promissor, com implicações potenciais para estudos clínicos e pesquisa básica em câncer.
Os autores lembram que o processo de evolução das neoplasias é reconhecido desde 1976 (The clonal evolution of tumor cell populations, Science, vol.194) e explica tanto a carcinogênese quanto os mecanismos de resistência terapêutica adquirida. “Um sistema de classificação a partir da evolução e da ecologia das neoplasias proporcionaria aos clínicos e pesquisadores a base para o desenvolvimento de melhores avaliações prognósticas e preditivas do comportamento tumoral, como a resposta a intervenções específicas”, sustentam.
Para contextualizar a importância do estudo, os autores também observam que não existe uma linguagem comum e categorias conceituais para desenhar distinções clínicas que possam capturar os parâmetros genéticos, ambientais e cinéticos capazes de afetar a adaptação e progressão do tumor, bem como a resposta à terapia. “O objetivo final de um sistema de classificação para a evolução e ecologia das neoplasias é fornecer uma ferramenta descritiva para melhorar o gerenciamento clínico em relação à sobrevida geral e qualidade de vida do paciente. Isso também ajudaria a conduzir pesquisa e fomentar novas descobertas sobre a biologia dos tumores”, acrescentam.
A nova proposta de classificação está disponível em acesso aberto.
Referências
Classifying the evolutionary and ecological features of neoplasms
Nature Reviews Cancer 17, 605–619 (2017) doi:10.1038/nrc.2017.69
Published online 15 September 2017