A vigilância ativa pode ser expandida para pacientes com câncer de próstata? É o que discute estudo da Cleveland Clinic publicado no Journal of Urology, que reporta a experiência institucional com 635 pacientes com Gleason de baixo risco (Gl 6) e risco intermediário (Gl7) acompanhados por vigilância ativa em um seguimento mediano de 4 anos.
A vigilância ativa (AS, de active surveillance ) - uma alternativa à prostatectomia ou radioterapia imediata - é usada cada vez mais para pacientes com câncer de próstata de baixo risco. Neste relatório da Cleveland Clinic, os pesquisadores apresentaram sua experiência com 635 pacientes acompanhados por vigilância ativa; 82% com doença de baixo risco (Gleason 6 e outras características de baixo risco) e 117 homens (18,4%) com doença de risco intermediário (principalmente Gleason 7 com outras características de maior risco).
O modelo de vigilância ativa não foi padronizado e considerou seguimento com ressonância magnética, teste genômico, além do teste de PSA e biópsia periódica. O acompanhamento foi pelo período mediano de 4 anos; um quarto dos participantes teve mais de 7 anos de seguimento; um terço passou por prostatectomia ou radioterapia.
Durante o acompanhamento, nenhum paciente morreu de câncer de próstata e apenas seis (1%) desenvolveram metástases à distância.
Da coorte de 117 homens com doença de risco intermediário / alto, a sobrevida global em 5 e 10 anos foi de 98% e 94%, respectivamente. A sobrevida livre de metástase em 5 e 10 anos foi de 99% e 98%, respectivamente. Até o momento, não foram observadas mortes específicas por câncer nessa população de pacientes.
Entre os 21 homens que experimentaram falha bioquímica (9,9%), a probabilidade de sobrevida livre de progressão em 5 anos foi de 92%. Na comparação com pacientes com doença de risco favorável, aqueles com câncer de risco intermediário / alto não tiveram diferença na ocorrência de metástases e de falhas durante a vigilância ativa. No entanto, os pacientes com características de maior risco também apresentavam risco significativamente aumentado para a mortalidade por todas as causas, provavelmente refletindo critérios da seleção.
Embora o estude reporte uma série de casos de um único centro, com um seguimento curto e sem um protocolo uniforme de acompanhamento a longo prazo, os resultados sugerem que os grupos de baixo risco e risco intermediário obtêm o mesmo benefício da vigilância ativa.
O uso crescente de vigilância ativa em lugar da prostatectomia imediata ou radioterapia é uma das razões pelas quais a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF) se tornou mais receptiva ao rastreamento do câncer de próstata por PSA (NEJM JW Gen Med 15 de maio de 2017).
Referências:
Intermediate-Term Outcomes for Men with Very Low/Low and Intermediate/High Risk Prostate Cancer Managed by Active Surveillance
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.juro.2017.03.123
The journal of urology, September 2017, Volume 198, Issue 3, Pages 591–599