Consenso publicado no ESMO Open traz recomendações sobre o manejo da saúde óssea em pacientes com câncer de próstata. “Os tratamentos do câncer de próstata estão associados a um impacto prejudicial na saúde óssea e na composição corporal. No entanto, as evidências sobre essas questões são limitadas e contraditórias”, observam os autores.
Em maio de 2023, uma pesquisa composta por 37 questões e 74 declarações foi desenvolvida por um grupo de oncologistas e endocrinologistas com expertise em câncer de próstata e saúde óssea. Em junho de 2023, 67 especialistas italianos selecionados, pertencentes às sociedades científicas italianas Associação Italiana de Oncologia Médica e Rede Italiana de Pesquisa em Uro-Oncologia (Meet-URO), foram convidados por e-mail para preenche esse questionário, avaliando sua força de concordância com cada afirmação em uma escala de 5 pontos. Uma concordância igual ou superior a 75% definia a declaração como aceita.
Resultados
No câncer de próstata não metastático hormônio-sensível, o painel concordou que a terapia de privação androgênica (ADT) por si só implica risco de fratura suficiente para justificar a terapia anti-fratura para prevenção da perda óssea induzida pelo tratamento do câncer (79%).
Não houve consenso (48%) para o tratamento com terapia anti-fratura de pacientes que receberam ADT de curta duração (<6 meses). Todos os pacientes que recebem tratamento ativo para câncer de próstata hormônio-sensível (75%), câncer de próstata não metastático resistente à castração (89%) e câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC) sem metástases ósseas (84%) devem ser tratados com terapias direcionadas à saúde óssea nas doses e cronograma para prevenção da perda óssea induzida pelo tratamento do câncer.
O Consenso também recomenda que todos os pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração com metástases ósseas devem ser tratados com terapias direcionadas à saúde óssea para reduzir eventos relacionados ao esqueleto (94%). Em todos os cenários, o painel analisou o tipo e o momento dos tratamentos e exames a serem realizados para monitoramento da saúde óssea. O painel concordou com o maior risco de obesidade sarcopênica desses pacientes e sua correlação com a fragilidade óssea.
Em síntese, o consenso destaca áreas que ainda necessitam de acordo, como pacientes com câncer de próstata não metastático sensível a hormônios submetidos a ADT de curto prazo. “A avaliação destas questões em ensaios clínicos prospectivos e a identificação de biomarcadores precoces de perda óssea são particularmente urgentes”, destacaram os autores.
Referência:
Cursano MC, Valsecchi AA, Pantano F, Di Maio M, Procopio G, Berruti A, Bertoldo F, Tucci M, De Giorgi U, Santini D; Meet-URO and AIOM experts. Bone health and body composition in prostate cancer: Meet-URO and AIOM consensus about prevention and management strategies. ESMO Open. 2024 Jun 19;9(7):103484. doi: 10.1016/j.esmoop.2024.103484. Epub ahead of print. PMID: 38901175.