Onconews - Considerações práticas para o hipofracionamento da próstata em países em desenvolvimento

andre fabioOs médicos especialistas em radio-oncologia Fabio Ynoe de Moraes (foto), professor assistente no Departamento de Oncologia na Queen’s University, Canadá, e André Gouveia (foto) do Américas Centro Oncologico Integrado, Rio de Janeiro, são autores de artigo publicado na Nature Reviews Urology que discute uma série de considerações práticas para implementação da radioterapia hipofracionada em países de baixa e média renda.

A radioterapia por feixe externo é uma opção de tratamento curativo eficaz para o câncer de próstata localizado, o câncer mais comum em homens em todo o mundo. No entanto, os cursos fracionados convencionais de radioterapia curativa de feixe externo geralmente duram de 8 a 9 semanas, resultando em uma sobrecarga substancial para os pacientes, seus familiares, e para os sistemas de saúde, principalmente em países de baixa e média renda.

“Estudos têm mostrado um equilíbrio clínico entre esquemas hipofracionados de radioterapia e tratamentos fracionados convencionais, com a vantagem de encurtar drasticamente a duração do tratamento com o uso de hipofracionamento. Os esquemas hipofracionados são apoiados por diretrizes de consenso modernas para implementação na prática clínica. Além disso, várias avaliações econômicas mostraram uma melhor relação custo-eficácia da terapia hipofracionada em comparação com os esquemas convencionais”, afirmam os autores.

Segundo o artigo, com a alocação de recursos sendo uma consideração importante nos nesses países, abreviar os tempos de tratamento pode aliviar a carga de cuidados de saúde e os custos para os provedores e pacientes. “Os regimes hipofracionados podem ser administrados sem custos adicionais substanciais aos programas de radioterapia atuais e, a longo prazo, têm se mostrado mais econômicos. À medida que a população mundial envelhece e o câncer de próstata se torna mais prevalente, os provedores de radioterapia devem ser encorajados a considerar a adoção oportuna desses esquemas de tratamento”, destacam os autores.

Os autores observam que são necessários investimentos iniciais para atualização tecnológica, como a radioterapia modulada em intensidade e a radioterapia guiada por imagem, bem como em treinamento especializado para proporcionar o tratamento hipofracionado de forma ideal. “A discussão entre agências governamentais e fabricantes de dispositivos é essencial para reduzir esses custos”, sugerem, acrescentando que treinamento de pessoal e acesso a consultoria externa são recursos essenciais para o desenvolvimento de centros de radioterapia.

“No longo prazo, os programas de hipofracionamento resultam em economia de custos, reduzindo a toxicidade financeira para os pacientes e familiares, e expandem o acesso do paciente a uma modalidade curativa no tratamento do câncer de próstata”, concluem os autores.

Referência: Yan, M., Gouveia, A.G., Cury, F.L. et al. Practical considerations for prostate hypofractionation in the developing world. Nat Rev Urol (2021). https://doi.org/10.1038/s41585-021-00498-6