Matheus de Oliveira Andrade (foto), residente de oncologia no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), é primeiro autor de revisão que discute a definição, o prognóstico, o manejo e as perspectivas futuras em relação à crise visceral no câncer de mama metastático.
“A crise visceral (CV) no câncer de mama é um cenário crítico, quando a carga da doença metastática resulta em rápida deterioração das funções dos órgãos. Não existem critérios clínicos objetivos amplamente aceitos para a definição de crise visceral e diferentes estudos relataram diversas condições clínicas como tipos de crise visceral”, contextualizam os autores.
O diagnóstico de crise visceral está associado a um prognóstico reservado e o tratamento desta condição é atualmente baseado em evidências retrospectivas limitadas e opinião de especialistas.
As diretrizes internacionais recomendam a poliquimioterapia citotóxica no tratamento da crise visceral para alcançar um rápido controle sintomático e preservar a função do órgão. No entanto, no caso do câncer de mama receptor hormonal positivo, o papel da quimioterapia como tratamento de escolha para crise visceral tem sido recentemente questionado, uma vez que a terapia endócrina mais inibidores de CDK4/6 podem produzir taxas de resposta semelhantes, com melhor qualidade de vida.
Para o câncer de mama HER2-positivo e triplo-negativo, a quimioterapia combinada (mais a terapia dirigida a HER2 para HER2-positivo) continua a ser uma opção padrão para crise visceral. No entanto, novos medicamentos eficazes, como os conjugados droga-anticorpo, tem potencial aplicabilidade nesse cenário e seu papel no contexto da crise visceral em breve será elucidado.
“O prognóstico no câncer de mama avançado ainda depende frequentemente da avaliação clínica subjetiva. Ferramentas prognósticas mais precisas e objetivas poderiam permitir as melhores decisões no manejo da crise visceral, considerando seu prognóstico reservado. Levar esses fatores em consideração poderia ajudar os médicos a diferenciar melhor os pacientes que provavelmente se beneficiarão do tratamento oncológico daqueles para os quais tal terapia seria fútil ou potencialmente prejudicial”, concluíram os autores do artigo publicado no periódico Clinics, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Além de Andrade, participam do estudo as oncologistas Renata Bonadio, Maria Del Pilar Estevez Diz e Laura Testa.
Referência: Andrade MO, Bonadio RRDCC, Diz MDPE, Testa L. Visceral crisis in metastatic breast cancer: an old concept with new perspectives. Clinics (Sao Paulo). 2024 May 15;79:100362. doi: 10.1016/j.clinsp.2024.100362. Epub ahead of print. PMID: 38754225.