Onconews - Custo-efetividade do teste genético BRCA 1/2 e estratégias preventivas

edenir inez palmeroEstudo brasileiro buscou avaliar se o teste genético de BRCA1/2 e as estratégias preventivas para mulheres de alto risco para câncer hereditário de mama e ovário (HBOC) são custo-efetivas em comparação com a não realização dessas estratégias em um país de renda média-alta. Os resultados foram publicados no periódico Frontiers in Oncology, em artigo que tem como autora sênior a geneticista molecular Edenir Inêz Palmero (foto).“Embora o teste genético de BRCA1/2 em países desenvolvidos faça parte da realidade para pacientes de alto risco para câncer hereditário de mama e ovário (HBOC), o mesmo não ocorre em países de renda média e baixa”, observam os autores.

Adotando uma perspectiva do pagador, os pesquisadores elaboraram um modelo de Markov com um horizonte temporal de 70 anos para delinear os estados de saúde para uma coorte de mulheres saudáveis ​​de 30 anos que preenchiam os critérios de testagem de BRCA1/2 de acordo com as diretrizes. As probabilidades de transição foram calculadas com base em dados do mundo real de mulheres testadas para mutações germinativas BRCA1/2 em um hospital de referência no tratamento do câncer entre 2011 e 2020.

Foram analisados 275 casos índice de mutação BRCA e 356 portadores de mutação BRCA que eram parentes de primeiro ou segundo grau dos pacientes. Os custos foram baseados nos valores de reembolso do sistema público de saúde brasileiro. As utilidades do estado de saúde foram recuperadas da literatura.

Resultados

O teste genético BRCA1/2 e as estratégias preventivas resultaram em mais anos de vida ajustados pela qualidade (QALYs) e custos com uma relação custo-efetividade incremental de R$ 11.900,31 (U$ 5.504,31)/QALY. “Esse resultado pode representar um forte argumento a favor da implementação de estratégias de testes genéticos para mulheres de alto risco mesmo em países de renda média, considerando não apenas as possibilidades de prevenção do câncer associadas ao teste genético, mas também sua relação custo-benefício para o sistema de saúde”, destaca a publicação.

Essas estratégias são custo-efetivas, considerando um limite de disposição a pagar de R$ 25.000 (U$ 11.563,37)/QALY, indicando que o governo deve considerar oferecê-las para mulheres com alto risco para HBOC. Os resultados foram robustos nas análises de sensibilidade determinística e probabilística.

“Neste estudo, mostramos que uma estratégia de rastreamento e tratamento para mulheres saudáveis ​​em risco de HBOC resulta em mais QALYs e moderadamente mais custos, com um ICER de R$ 11.900,31 (U$ 5.504,31) por QALY ganho. O custo-efetividade da intervenção de rastrear e tratar depende de um limite de custo-efetividade ainda indefinido para o Brasil, mas seria custo-efetivo considerando uma disposição a pagar de R$ 25.000 (U$ 11.563,37) por QALY. Esses resultados podem ser reproduzíveis em outros países de renda média-alta”, concluíram os autores.

Referência: Lourenção M, Simões Correa Galendi J, Galvão HdCR, Antoniazzi AP, Grasel RS, Carvalho AL, Mauad EC, Oliveira JHCd, Reis RM, Mandrik O and Palmero EI (2022) Cost-Effectiveness of BRCA 1/2 Genetic Test and Preventive Strategies: Using Real-World Data From an Upper-Middle Income Country. Front. Oncol. 12:951310. doi: 10.3389/fonc.2022.951310