Onconews - Descontinuação de TKIs na leucemia mieloide crônica: a experiência do SUS

Estudo de descontinuação do tratamento da leucemia mieloide crônica no Sistema Único de Saúde (Estudo DES-CML) buscou avaliar o impacto da cinética da transcrição BCR-ABL durante as fases de redução e descontinuação de inibidores de tirosina quinase (TKI) na sobrevida livre de tratamento. Os resultados estão em artigo de Bruna Murbach (foto) e colegas, na Frontiers in Oncology.

Neste estudo multicêntrico de fase 2, foram elegíveis pacientes adultos com leucemia mieloide crônica (LMC) em fase crônica com transcrições típicas de BCR::ABL1, resposta molecular profunda estável (MR4.5 IS) por dois anos e nenhuma resistência anterior.

Os pacientes passaram por uma fase de redução da dose de TKI por seis meses antes da descontinuação. O TKI foi reintroduzido na dose anterior se o paciente perdesse a resposta molecular principal (MMR) a qualquer momento.

Até agora, o estudo recrutou 41 pacientes e 38 descontinuaram a terapia (4 estavam na segunda tentativa de descontinuação). A idade média dos pacientes no início do estudo foi de 62 anos (24-79); a maioria era do sexo masculino (61%); 35% Sokal de baixo risco, 49% intermediário, 16% alto; 79% ELTS ((EUTOS long-term survival) de baixo risco, 18% intermediário, 3% alto; 82% tinham transcrições b3a2 BCR::ABL1; 86% estavam usando imatinibe, 7% nilotinibe, 5% dasatinibe e 2% bosutinib.

Murbach e colegas descrevem que 11 pacientes perderam MMR, um durante a fase de redução e dez após a descontinuação. Em um acompanhamento mediano de 7 (1–30) meses, a sobrevida livre de tratamento de 24 meses foi de 66% (IC 95%: 48-84%). Nenhum paciente perdeu resposta hematológica ou teve progressão da doença.

Esses resultados preliminares mostram que uma taxa maior de recidivas moleculares ocorreu em pacientes com níveis flutuantes de BCR::ABL1 após a fase de descontinuação (com perda de MR4,5, mas sem perda de MMR) (P=0,04, HR-4,86 (1,03-22,9), mas não confirmada na análise multivariada. A maior duração do tratamento com TKI (P=0,03, HR-1,02, IC 95% - 1,00-1,04) e MMR (P=0,004, HR-0,95, IC 95% - 0,92-098) foram fatores independentes de uma menor taxa de recidiva.

Ao lado de Bruna Murbach, o estudo tem participação de Gislaine Duarte, Leonardo Carvalho Palma, Eliana Miranda, Guilherme Duffles, Graziele Pavan Furlin , Isabella Toni Carmino de Souza, Larissa Binelli, Vitor Leonardo Bassan, Fabiola Attie de Castro, Lorena Lobo de Figueiredo-Pontes e Katia Borgia Barbosa Pagnano.  

A íntegra da publicação está disponível em acesso aberto.

Referência:

BRIEF RESEARCH REPORT article
Front. Oncol., 07 May 2024
Sec. Hematologic Malignancies
Volume 14 - 2024 | https://doi.org/10.3389/fonc.2024.1393191