Estudo prospectivo realizado por pesquisadores brasileiros fornece evidências de que o US Doppler pode ser usado para prever a resposta à quimioterapia neoadjuvante em pacientes com câncer de mama. Parâmetros funcionais do US Doppler demonstraram valor preditivo superior para resposta patológica completa (pCR) em relação a parâmetros morfológicos, com implicações para estratégias de tratamento. O trabalho tem como autor sênior o médico Luís Otávio Sarian (foto), da Divisão de Oncologia Ginecológica e Mamária do Hospital da Mulher (CAIMS) da Unicamp.

A quimioterapia neoadjuvante (NACT, na sigla em inglês) é uma opção de tratamento para pacientes com câncer de mama, que permite a avaliação da resposta para ajustar o tratamento e melhorar os resultados dos pacientes. No entanto, as modalidades e parâmetros de imagem ideais para avaliar a resposta do tumor à NACT não estão bem estabelecidos.

Este estudo incluiu 173 pacientes com câncer de mama submetidas à NACT. As pacientes foram submetidas a exames de ultrassom (US), mamografia (MMG) e ressonância magnética (MRI) no início do estudo, após dois ciclos de NACT e antes da cirurgia de mama. Os parâmetros de US incluíram morfologia da lesão, variáveis ​​Doppler e medidas de elastografia. A MMG e a MRI foram avaliadas quanto à presença de nódulos e dimensões do tumor. A resposta patológica à NACT foi determinada usando a classificação de carga residual do câncer (RCB).

Os resultados foram relatados na PlosOne e mostram que o parâmetro de US com maior poder para prever a resposta patológica completa (pCR) foi a velocidade máxima da elastografia por onda de cisalhamento (SWE) dentro do tumor no início do estudo. Para tumores não luminais, a velocidade diastólica final medida por US após dois ciclos de NACT mostrou o maior valor preditivo para pCR. Da mesma forma, a velocidade máxima de SWE após dois ciclos de NACT teve o maior poder discriminatório para prever RCB-III em tumores luminais, enquanto o mesmo parâmetro medido na linha de base foi mais preditivo para tumores não luminais.

Esses resultados fornecem evidências de que o US Doppler no meio do tratamento e outras modalidades de imagem podem ser usadas para prever a resposta ao NACT em pacientes com câncer de mama. Parâmetros funcionais, como velocidades do fluxo sanguíneo e medidas de SWE, demonstraram valor preditivo superior para pCR, enquanto parâmetros morfológicos tiveram valor limitado. “Esses achados têm implicações para estratégias personalizadas e podem contribuir para melhores resultados no tratamento do câncer de mama”, concluem os autores.

A pesquisa contou com a participação de Livia Conz, Rodrigo Menezes Jales, Maira Teixeira Dória, Isabelle Melloni, Carla Andries Cres Lyrio, Carlos Menossi e Sophie Derchain.

Referência:

Conz L, Jales RM, Dória MT, Melloni I, Cres Lyrio CA, Menossi C, et al. (2024) Predictive value of ultrasound doppler parameters in neoadjuvant chemotherapy response of breast cancer: Prospective comparison with magnetic resonance and mammography. PLoS ONE 19(6): e0302527. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0302527