Estudo de randomização mendeliana analisou associações entre ingestão alimentar e uso de medicamentos com o risco de câncer de bexiga. Os resultados foram relatados na Nutrition and Cancer e têm implicações importantes para informar estratégias de prevenção.
Dados já relatados na literatura mostram que metabólitos circulantes, proteínas circulantes e microbiota intestinal revelam as respostas moleculares e a interação entre a ingestão alimentar/uso de medicamentos e os resultados da doença. No entanto, até agora nenhum estudo avaliou sistematicamente os efeitos causais da ingestão alimentar ou da utilização de medicamentos no risco de câncer de bexiga, através dos potenciais mediadores (isto é, metabolitos circulantes, proteínas circulantes e microbiota intestinal).
Nesta análise, Chen et al. utilizaram a randomização mendeliana (RM) univariada, RM de mediação e RM multivariável. Os dados genéticos foram derivados de participantes de ascendência predominantemente europeia.
Os resultados da RM univariável mostraram que 4 tipos de ingestão alimentar (café instantâneo, consumo de cereais, consumo de produtos não derivados do trigo ou grande mudança na dieta devido à doença) e 4 medicamentos (calcipotriol, pomada dovobet, tiroxina ou medicação para redução do colesterol) tiveram um efeito protetor sobre o câncer de bexiga, enquanto 4 metabólitos circulantes, 440 proteínas circulantes e 2 micróbios intestinais foram causalmente associados ao risco de câncer de bexiga. Através da mediação da randomização mendeliana, Chen e colegas identificaram 572 analitos mostrando efeitos mediadores consistentes entre dietas/medicamentos e o risco de câncer de bexiga. Além disso, 9 dos 16 pares de dieta-medicamentos apresentaram interações e alterações significativas no câncer de bexiga quando consumidos em conjunto.
“Nossos resultados fornecem uma nova compreensão da interação dieta-medicação que deve ser levada em consideração por médicos e pacientes durante o desenvolvimento de uma estratégia de tratamento”, concluem os autores.
Esses achados ampliam a literatura observacional ao mostrar a importância de dietas e medicamentos na prevenção do câncer de bexiga.
O câncer de bexiga é a malignidade mais comum do trato urinário, responsável anualmente por 0,6 milhão de novos diagnósticos e 0,2 milhão de mortes em todo o mundo.
Referência: Chen, Y. T., Tang, Q. Y., Zhang, Y. X., Wang, S. Z., Wesselius, A., Li, W. C., … Yu, E. Y. W. (2024). An Atlas of Dietary Intakes and Medication Uses on Risk of Bladder Cancer: A Wide-Angle Mendelian Randomization Analysis. Nutrition and Cancer, 76(5), 432–441. https://doi.org/10.1080/01635581.2024.2324504
