A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) publicou em janeiro novas diretrizes de conduta para o tratamento sistêmico do câncer de mama metastático, com o objetivo de orientar médicos e legisladores em ambientes com recursos limitados. As diretrizes têm participação do oncologista Carlos Barrios (foto), do Grupo Oncoclínicas, e reconhecem variações importantes na oferta de recursos em diferentes contextos globais.
As recomendações da ASCO para o tratamento do câncer de mama metastático em cenários de recursos limitados reforçam que as decisões médicas devem considerar sempre o status da menopausa, características patológicas e de biomarcadores quando resultados de qualidade estiverem disponíveis. Na primeira linha, para câncer de mama metastático positivo para receptor hormonal (HR), quando uma combinação de inibidor não esteroidal de aromatase e inibidor de ciclinas CDK 4/6 não estiver disponível, o painel de especialistas preconiza o uso de terapia hormonal isoladamente.
Para doenças potencialmente fatais, as diretrizes da ASCO para cenários de recursos limitados recomendam a cirurgia para controle local e o uso de quimioterapia de agente único. Para pacientes na pré-menopausa, a orientação é a supressão ou ablação ovariana mais terapia hormonal nas configurações básicas. Para câncer de mama metastático positivo para receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2), se trastuzumabe, pertuzumabe e quimioterapia não estiverem disponíveis, usar trastuzumabe e quimioterapia; se não estiver disponível, use quimioterapia.
No cenário do câncer de mama metastático HER2 positivo e HR positivo, a recomendação é usar terapia padrão de primeira linha ou terapia endócrina se houver contraindicação. Para câncer de mama metastático triplo negativo com status de PD-L1 desconhecido, ou se PD-L1 positivo e imunoterapia não estiver disponível, a recomendação é o uso de quimioterapia de agente único.
Para câncer de mama metastático positivo para mutação germinativa BRCA1/2, a nova diretriz de conduta prevê que, se o inibidor da poli (ADP-ribose) polimerase não estiver disponível, os médicos devem usar terapia hormonal (HR-positivo) e quimioterapia (HR-negativo).
Na segunda linha, para câncer de mama metastático HR positivo, as recomendações dependem do tratamento prévio e tamoxifeno ou quimioterapia estão entre as opções de conduta. Para câncer de mama HER2 positivo, se trastuzumabe deruxtecana não estiver disponível, usar trastuzumabe emtansina; se não estiver disponível, capecitabina e lapatinibe são opções; se não estiver disponível, trastuzumabe e/ou quimioterapia (terapia hormonal isolada para HR-positivo).
Outras informações estão disponíveis em www.asco.org/resource-stratified-guidelines.
Referência: Sana Al Sukhun et al., Systemic Treatment of Patients With Metastatic Breast Cancer: ASCO Resource–Stratified Guideline. JCO Glob Oncol 10, e2300285(2024). DOI:10.1200/GO.23.00285