Thais Sousa Rodrigues Guedes, do Programa de Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é primeira autora de estudo publicado na Scientific Reports, do Grupo Nature, que analisou a incidência de disfunção sexual e seus fatores de risco em mulheres com diagnóstico de câncer de mama no Nordeste do Brasil. O pesquisador Dyego Leandro Bezerra de Souza, do Departamento de Saúde Pública da UFRN, é o autor sênior do trabalho.
Este estudo de coorte retrospectivo incluiu mulheres diagnosticadas e tratadas para câncer de mama (grupo exposto, n = 90) e mulheres saudáveis (grupo não exposto, n = 93). Os dados foram coletados entre fevereiro de 2019 e outubro de 2021 no estado do Rio Grande do Norte (Nordeste do Brasil), a partir de prontuários e por meio do questionário Female Sexual Function Index (FSFI).
Os endpoints primários foram analisados por meio de regressão logística binária. O teste de Mann‐Whitney foi utilizado para analisar os domínios do questionário FSFI entre os grupos. O grupo exposto teve uma incidência de disfunção sexual de 74% e chances 3,9 vezes maiores de ter disfunção sexual em comparação com o grupo não exposto (OR 3,9, CI 1,8 a 8,2, p < 0,001).
A presença de comorbidades aumentou em 2,5 vezes as chances de disfunção sexual (OR 2,5, IC 1,2 a 4,9, p = 0,009). Mulheres diagnosticadas e tratadas para câncer de mama tiveram maior incidência de disfunção sexual do que mulheres saudáveis. Além disso, as comorbidades também aumentaram as chances de disfunção sexual, independentemente da exposição ao câncer de mama.
Em síntese, o estudo mostra que mulheres diagnosticadas e tratadas para câncer de mama apresentavam maior incidência de disfunção sexual em comparação com mulheres saudáveis. “O câncer de mama foi um fator de risco para disfunção sexual, e as comorbidades também aumentaram as chances de disfunção sexual, independentemente da exposição ao câncer de mama”, observaram os autores.
“Este estudo tem implicações práticas e reforça a importância do acompanhamento multidisciplinar de mulheres com disfunção sexual”, acrescentaram os pesquisadores, ressaltando que uma avaliação clínica considerando os achados pode contribuir para intervenções eficazes. “O diagnóstico precoce da disfunção sexual melhora os resultados terapêuticos. Nossos resultados contribuem para o conjunto de evidências que apoiam o desenvolvimento de políticas públicas para mulheres com câncer de mama no Brasil e em países com características socioculturais e econômicas semelhantes”, concluíram.
O estudo contou com a participação dos pesquisadores Marcello Barbosa Otoni Gonçalves Guedes, Rebeca de Castro Santana, Jamily Borba de Vasconcelos, Eva Regina de Medeiros, Vitor Leandro da Cunha e Amanda Almeida Gomes Dantas, da UFRN; Johnnatas Mikael Lopes, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); e Javier Jerez-Roig & Research Group on Methodology, Methods, Models, and Outcomes of Health and Social Sciences (M3O), da University of Vic-Central University of Catalonia (UVic-UCC).
Referência: Sousa Rodrigues Guedes, T., Barbosa Otoni Gonçalves Guedes, M., Mikael Lopes, J. et al. Sexual dysfunction in women with breast cancer of Northeast Brazil: a retrospective longitudinal study. Sci Rep 13, 20441 (2023). https://doi.org/10.1038/s41598-023-47684-7