Estudo apresentado no 2019 Supportive Care in Oncology Symposium, realizado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) nos dias 25 e 26 de outubro em São Francisco, Califórnia, demonstra que pacientes com câncer que sofrem com níveis mais altos de ansiedade e depressão experimentam dores mais intensas associadas às suas doenças. Além disso, pacientes com maior suporte social relatam níveis mais baixos de dor.
No estudo realizado por pesquisadores do Levine Cancer Institute, o objetivo foi identificar fatores clínico-demográficos que influenciam a dor do câncer; e examinar o suporte social como moderador da relação entre ansiedade, depressão e dor no câncer.
Entre 2017 e janeiro de 2019, pacientes com câncer em estágio I-IV (N = 11.815) realizaram uma triagem psicossocial de rotina por meio de um tablet onde responderam a questões sobre sofrimento psicossocial, sintomas comuns de câncer e necessidades não atendidas. Os modelos estatísticos identificaram preditores de dor a partir de ansiedade auto-relatada, depressão e suporte social. As análises examinaram se o efeito da ansiedade e da depressão na dor eram diferentes de acordo com os níveis de suporte social.
Resultados
A mediana de idade foi de 59 anos (RNG, 18-101), 61% mulheres e 77% brancos. Características dos pacientes como local do tumor (gastrointestinal, ginecológico, cabeça/pescoço), doença avançada, raça negra e menor renda foram independentemente foram preditivas da intensidade da dor. Além disso, ansiedade (β = 0,48, p <0,001) e depressão (β = 0,69, p <0,001) foram fatores significativos que afetaram a intensidade da dor; essas associações permaneceram após considerar as características do paciente.
O efeito da depressão na dor diferiu por nível de suporte social (p = 0,009), e o efeito da ansiedade na dor diferiu nos pacientes que relataram problemas de transporte (p = 0,035).
Embora não haja maneira de determinar se a dor resulta do câncer, do tratamento para o câncer ou de outra coisa, a dor pode ser reduzida com ações específicas que os pacientes podem adotar para proteger sua saúde psicológica. Os autores incentivam os pacientes a discutir humor, preocupações e questões de suporte social com seus médicos. Ferramentas específicas com intervenções como Terapia Cognitivo Comportamental, mindfulness e Terapia de Aceitação e Compromisso podem ajudar a aliviar o sofrimento e a dor psicológica e melhorar a qualidade de vida. "Ansiedade, depressão e suporte social são fatores modificáveis que podem impactar bastante a experiência de dor de câncer de um paciente", observa Sarah Kathryn Galloway, psicóloga do Levine Cancer Institute e primeira autora do estudo. "Os resultados evidenciam a necessidade de intervenções interdisciplinares, multimodais - farmacêuticas e não farmacêuticas - para dores relacionadas ao câncer", acrescenta.
Com base nos dados de acompanhamento coletados, os autores irão analisar como o impacto do suporte social afeta diferencialmente o humor, a ansiedade e a dor no diagnóstico, tratamento agudo e sobrevida.
Referência: Abstract #76: Anxiety, depression, pain, and social support in a large representative cancer population - Sarah Kathryn Galloway et al